Pacientes com câncer têm melhora no bem-estar após sessões de coaching
Resumo da notícia
- Projeto em dois hospitais brasileiros ofereceu sessões de coaching a pacientes com câncer para ensinar ferramentas de gerenciamento de vida
- Um estudo feito com os participantes mostrou que 70% deles tiveram ganhos no bem-estar após o diagnóstico da doença
- Embora não seja uma abordagem terapêutica para transtornos mentais, as sessões de coaching ajudaram a melhorar sintomas de ansiedade e depressão
- Os especialistas envolvidos no projeto acreditam que o coaching pode complementar tratamentos psicológicos em pacientes com câncer
Uma pesquisa brasileira conseguiu avaliar o impacto, a viabilidade e os benefícios da aplicação de sessões de coaching em pacientes com câncer em diferentes estágios. O estudo, realizado pela Americas Oncologia, foi aprovado e será publicado no Institute of Coaching da Harvard University.
A análise foi feita com pacientes do projeto Coaching Oncológico, que começou nos hospitais Paulistano e Samaritano Higienópolis em março de 2018 e beneficiou mais de 300 pacientes. Eles receberam aproximadamente cinco sessões de coaching individuais e gratuitas, com uma hora de duração, para ajudar os pacientes em sua rotina durante o período do tratamento.
O resultado mostrou que 70% dos pacientes entrevistados relataram melhora no bem-estar emocional após as sessões de coaching com especialistas.
De acordo com Raphael Brandão, um dos autores do estudo e chefe do núcleo de oncologia das unidades de saúde do Americas, é importante se lembrar das necessidades emocionais dos pacientes com câncer na hora do tratamento. "Ele não precisa apenas da quimioterapia ou radioterapia. É muito importante o relacionamento, a humanização", afirma.
O médico diz ainda que o coaching é uma importante ferramenta para ajudar os pacientes a lidar com sintomas de ansiedade e depressão, sentimentos comuns em cerca de 75% dos pacientes. Embora não seja uma abordagem terapêutica para esses transtornos, o coaching auxilia os pacientes a conquistar o bem-estar emocional por meio de processos que ajudam a gerenciar a qualidade de vida e alcançar o autoconhecimento.
Como o estudo foi feito?
- 82% dos pacientes analisados eram do sexo feminino e 73% deles tinham a doença localizada ou localmente avançada
- O tipo de câncer mais frequente (58%) era o de mama seguido pelo gastrointestinal (22%), ginecológico (7%).
- A média de idade dos participantes foi de 52 anos (alcance: de 29 a 78 anos).
- A maioria dos pacientes recebeu ECOG 0-1, quimioterapia (67%) ou terapia endócrina (22%).
- Aproximadamente 75% dos pacientes relataram sintomas de ansiedade ou depressão, mas apenas 60% necessitaram de terapia psicológica e 22% usaram medicamentos psicotrópicos.
- Nas entrevistas, os médicos abordaram desde questões como a forma de encarar o trabalho, um novo corpo, até como passar mais tempo com a família.
- As principais áreas de impacto após as sessões e coaching foram bem-estar emocional (66,6% pacientes), seguidas por autogestão da doença e realização de metas pessoais (44% pacientes).
Trabalho complementa tratamentos psicológicos
Segundo Ricardo Lima, coach do programa, as sessões realizadas com são focadas na resolução de problemas e no alcance de metas, estimulando a automotivação, gestão de mudanças, resiliência e a positividade. Essa abordagem acaba então funcionando como um complemento ao trabalho psicológico realizado em paralelo. "Também percebemos que melhorou a comunicação com os médicos, a adesão ao tratamento e o estabelecimento de hábitos de saúde", afirma.
A professora Mirian Bomfin Bill, de 52 anos, participou das sessões de coaching após enfrentar um câncer de mama. Segundo ela, o programa ajudou a fazer algumas mudanças na rotina familiar. "O câncer me fez amadurecer. Durante as atividades, percebi que o clima na minha casa não estava em harmonia e estabeleci a meta de me aproximar dos meus filhos, com ações que começaram com um abraço, coisa que eu não fazia faz muito tempo, até mesmo a programar passeios e deixá-los mais tranquilos", conta.
Já o administrador João Vilela, de 37 anos, enfrentou um câncer de intestino com metástase no fígado e pulmão e conseguiu aplicar na prática o que aprendeu nas sessões de coaching. "Consegui enxergar a vida além da doença. Aprendi a conviver no dia a dia com as pessoas, a confiar, ter amigos. Antes ficava mais restrito à ajuda dos meus pais".
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