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Pessoas que comem chocolate amargo são menos deprimidas

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Do VivaBem, em São Paulo

03/08/2019 14h05

Além de ser melhor para a saúde, o chocolate amargo também pode afetar positivamente o humor e aliviar os sintomas depressivos, segundo um novo estudo, publicado no periódico Depression and Anxiety na sexta-feira (2).

Os cientistas analisaram mais de 13 mil pessoas e descobriram que os participantes que comeram chocolate amargo duas vezes por dia (104 a 454 gramas) apresentaram 57% menos chances de sintomas depressivos do que aqueles que não relataram consumir o doce.

A explicação por trás dessa análise, que foi a primeira a associar a depressão com o tipo de chocolate consumido, estaria nos ingredientes psicoativos do doce que produzem uma sensação de euforia semelhante à dos canabinoides, encontrados na maconha. Segundo os pesquisadores, o doce também contém feniletilamina, um neuromodulador que pode ser importante para regular o humor das pessoas.

"No entanto, mais pesquisas são necessárias para esclarecer a direção da causalidade --pode ser que a depressão faça com que as pessoas percam o interesse em comer chocolate, ou pode haver outros fatores que tornam as pessoas menos propensas a comer chocolate amargo quando estão deprimidas", disse a autora principal, Sarah Jackson, do Instituto de Epidemiologia e Cuidados de Saúde da University College London.

Como o estudo foi feito

  • Os cientistas avaliaram dados de 13.626 adultos da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA, entre 2007 e 2014.
  • O consumo de chocolate dos participantes foi avaliado de acordo com um questionário, assim como suas pontuações no Questionário de Saúde do Paciente, que avalia os sintomas depressivos.
  • Ao todo, 11,1% das pessoas disseram consumir chocolate, e 1,4% delas reportaram o consumo de chocolate amargo.
  • Os resultados mostraram que quem consumia a versão amarga tinha menso chances de ter algum sintoma depressivo clinicamente relevante.

Benefícios do chocolate amargo

Mulher comendo barra de chocolate amargo - iStock - iStock
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O médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), e a nutricionista Regina H. M. Pereira, diretora do departamento de nutrição da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo)*, afirmam que sim, o chocolate amargo faz bem para a saúde, desde que seja consumido com parcimônia, no máximo 30 gramas ao dia.

As versões saudáveis são aquelas com mais de 70% de cacau. E quanto mais cacau, melhor. Portanto o 70% cacau é bom, 90% é melhor e 100% é o ideal, mas nem sempre é fácil consumir chocolates com percentuais tão altos. O chocolate amargo acaba tendo menos manteiga de cacau e menos açúcar em sua composição. É mais puro, nutritivo e rico em fitoquímicos.

Muitos trabalhos científicos provam que o chocolate amargo é bom para hipertensos, pois reduz a pressão arterial. O trunfo é do cacau, que tem propriedades antioxidantes que melhoram a função vascular, ou seja, os vasos conseguem dilatar com mais facilidade.

Estes antioxidantes --os flavonoides e os polifenóis -- também protegem contra o envelhecimento, as doenças neurodegenerativas e ajudam a controlar o colesterol, podendo aumentar os níveis de HDL (o colesterol bom) e diminuir os de LDL (o colesterol ruim).

Cautela no consumo

Isso não quer dizer que o chocolate amargo possa ser consumido livremente ou que deva ser encarado como um tratamento para a depressão ou hipertensão. Longe disso. Ele entra como um aliado na dieta de quem precisa controlar a pressão arterial diariamente, por exemplo, mas não substitui os cuidados médicos necessários. Quanto à depressão, nada ainda foi comprovado.

E, apesar dos benefícios para a saúde, o chocolate amargo não deixa de ser calórico.

*Informações de matéria publicada no dia 08/02/19.