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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Vigorexia: os perigos da obsessão pelo corpo forte e musculoso

A pessoa com vigorexia nunca está satisfeita com o corpo e busca sempre ficar mais forte e definida - iStock
A pessoa com vigorexia nunca está satisfeita com o corpo e busca sempre ficar mais forte e definida Imagem: iStock

Amanda Preto

Colaboração para o UOL VivaBem

24/07/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Assim como a anorexia, a vigorexia é um transtorno causado pela distorção de imagem
  • Na vigorexia, a pessoa nunca acha que está forte ou definida o bastante e acaba cometendo exageros no treino e na dieta
  • Isso pode gerar problemas como lesões musculares, fadiga excessiva, irritação, afastamento social, depressão e ansiedade
  • O indivíduo ainda pode buscar atalhos em anabolizantes, substâncias que estão associadas a doenças hepáticas, afetam o coração e geram até câncer

Treinar traz diversos benefícios à saúde, mas o excesso de exercícios para alcançar o "shape ideal" pode se tornar uma armadilha perigosa, chamada vigorexia.

Esse transtorno é causado por uma distorção de imagem semelhante à da anorexia: a pessoa nunca está contente com a forma física e acaba investindo em uma rotina pesada, com várias horas de treino, e uma alimentação restrita para tentar melhorar.

Nesse caso, a insatisfação é porque a pessoa acha que o corpo nunca está forte e musculoso o bastante. Ela se vê no espelho sempre mais magra e com menos definição muscular do que gostaria. E, mesmo que os amigos e pessoas próximas afirmem que o indivíduo já esteja forte o bastante, o vigoréxico não enxerga a si próprio como tal e continua inseguro e abalado, buscando resultados.

Origem do problema

A vigorexia geralmente ocorre devido a uma busca compensatória da pessoa para fortalecer sua imagem, pois ela que acaba associando à forma física ao aumento da autoconfiança, da autoestima, do reconhecimento social e de outros aspectos positivos de identidade.

A origem do problema pode ter várias explicações, inclusive sendo motivada por traumas do passado, como episódios de bullying ou situações em que a imagem fez a pessoa se sentir inferiorizada diante dos outros.

Perigos à saúde física e mental

As pessoas com vigorexia, que em grande parte das vezes são homens, tendem a fazer exercícios em excesso, o que pode levar ao overtraining. A condição tem como sintomas fadiga constante, alterações no sono e no humor, irritação, falta de concentração, queda da libido e maior propensão a lesões.

Além disso, o indivíduo pode buscar ganhos físicos em suplementos que prometem potencializar os resultados e até em anabolizantes, que podem gerar problemas no fígado, no coração e até câncer.

Por passar horas na academia e muitas vezes até treinar mais de uma vez por dia, a pessoa costuma abrir mão de compromissos sociais. Isso e a insatisfação e o autojulgamento constantes de imagem aumentam a probabilidade do indivíduo desenvolver problemas como ansiedade e depressão.

A alimentação pode ser outro desastre para a saúde, pois a pessoa com vigorexia tende a restringir o consumo de gorduras e até diversos vegetais, por causa do carboidrato. Em longo prazo, isso pode gerar uma deficiência de vitaminas e minerais, levando o organismo a um colapso.

Tratamento precisa ser levado a sério

É comum as vítimas de vigorexia negarem ajuda, pois elas realmente acreditam que ainda não estão fortes e precisam melhorar a forma física a qualquer custo. Dessa forma, torna-se mais complicado o processo de convencimento por parte das pessoas próximas.

O tratamento costuma ser similar ao de pacientes com anorexia e vícios comportamentais: uso de antidepressivos, revisão de hábitos e psicoterapia, que ajuda a identificar as causas do transtorno e como driblar os comportamentos que levam ao padrão repetitivo.

A avaliação precisa ser feita por um psicólogo ou psiquiatra, que indicará o melhor caminho para restaurar o equilíbrio e, consequentemente, uma visão positiva de si próprio, sem exageros.

Fontes: Yuri Busin, psicólogo doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretor do Casme (Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio); Henrique Bottura, psiquiatra da Clínica Psiquiatria Paulista e do Hospital das Clínicas de São Paulo, mestre em psicologia do esporte pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo); e Diego Leite de Barros, educador físico e fisiologista do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diretor técnico da DLB Assessoria Esportiva e fisiologista do HCor.