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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Bebês prematuros apresentam maior risco de desenvolver autismo

Baylor University Medical Center, via Associated Press
Imagem: Baylor University Medical Center, via Associated Press

Aline Tavares

Colaboração com o VivaBem, em São Paulo

06/06/2019 04h00

O parto prematuro - que ocorre antes de 37 semanas de gestação - pode acarretar uma série de complicações para o bebê. Nos últimos anos, estudos têm revelado que um desses fatores é o aumento do risco de Transtorno do Espectro Autista (TEA), um distúrbio do desenvolvimento.

Uma pesquisa publicada em 2015 pelo King's College de Londres, Inglaterra, demonstrou que o nascimento prematuro pode alterar a conectividade em diferentes regiões do cérebro. Exames de ressonância magnética mostraram que os bebês nascidos durante o período normal da gestação tinham conexões cerebrais bem desenvolvidas. Enquanto nos prematuros, foram constatadas menos conexões (hipoconectividade) entre o tálamo e córtex, em regiões envolvidas nas atividades cognitivas, influenciando na comunicação e na socialização.

O neuropediatra Carlos Gadia, diretor associado do Nicklaus Children's Hospital em Miami (EUA), explica que essa hipoconectividade ocorre porque o cérebro do bebê prematuro ainda não se desenvolveu completamente. "As regiões mais afetadas são o lobo temporal, occipital e a ínsula. A ínsula tem um papel muito importante em termos de interação social e linguagem".

Causas

Devido ao desenvolvimento ainda incompleto do cérebro no momento do nascimento, os prematuros costumam apresentar alguns atrasos leves - como na fala e na interação social -, que posteriormente podem ser recuperados. Se os atrasos são muito profundos ou persistem até por volta dos 3 anos de idade, é possível que ocorra o diagnóstico de TEA.

A pesquisadora Vivian Lederman, bióloga pela USP e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, realizou um estudo com crianças prematuras aos 18 meses de idade e, depois, aos 3 anos. "Eu tive crianças que aos 18 meses apresentavam sinais de autismo e aos 3 anos já não apresentavam mais. Mas em 5% dos casos, aos 3 anos elas receberam o diagnóstico de TEA. A taxa de autismo para a população geral é menor - representa 1% da população mundial", explica.

Uma das explicações para essa ocorrência é que os prematuros ficam expostos, antes do desenvolvimento completo do cérebro, a uma grande quantidade de fatores ambientais que podem aumentar o risco do desenvolvimento de TEA. Inflamações e infecções, por exemplo, podem influenciar. Além das questões ambientais, o risco pode ser ainda maior caso a criança já tenha uma predisposição genética para o transtorno.

Ao mesmo tempo, segundo Lederman, o parto prematuro pode ser ocasionado justamente porque, dentro do útero, o bebê já foi exposto a algum agente estressor, como um vírus ou uma bactéria contraída pela mãe.

Prevenir e conscientizar

Gadia destaca que, sabendo que a prematuridade é um marcador que possibilita o desenvolvimento de autismo, é importante que os profissionais da saúde comecem a fazer estímulos com as crianças prematuras cada vez mais cedo, a fim de investigar possíveis sinais de TEA e já começar a tratá-los. A intervenção precoce garante ao indivíduo uma possibilidade maior de desenvolvimento, e é importante não apenas no caso dos prematuros, mas na população como um todo.

Para prevenir o parto prematuro e suas consequências, a pesquisadora ressalta que o cuidado essencial é realizar um bom acompanhamento pré-natal. "No Brasil, por questões socioeconômicas e culturais, grande parte da população acaba não fazendo um pré-natal adequado, e acredita-se que isso aumenta a taxa de prematuridade. A mãe pode, por exemplo, contrair alguma infecção que poderia ser tratada mas acaba não sendo".

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