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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Jovem que ficou tetraplégica no mar já mexe pernas; ela pode melhorar mais

Karina Neustadter Castellanos ficou tetraplégica após ser atingida por onda em Ilhabela (SP) - Reprodução/Kickante
Karina Neustadter Castellanos ficou tetraplégica após ser atingida por onda em Ilhabela (SP) Imagem: Reprodução/Kickante

Gabriela Ingrid

Do UOL VivaBem, em São Paulo

04/04/2019 20h08

Resumo da notícia

  • Quadros de lesões parciais na vértebra podem evoluir em um prazo de até dois anos após o acidente
  • Exercícios para movimentar a musculatura do corpo devem ser feitos pelo resto da vida para evitar atrofias
  • No tratamento, os pacientes reaprendem todos os tipos de movimentos, do escovar dos dentes ao caminhar

A jovem Karina Neustadter Castellanos, 24, que ficou tetraplégica após pegar um "jacaré" no mar --movimento em que o banhista pega impulso e se deixa levar pela onda --, apresentou um avanço em seus movimentos, de acordo com sua mãe, Tereza Neustadter.

Em entrevista ao UOL VivaBem, Tereza afirmou que a perna direita de Karina já se movimenta melhor e que a esquerda está começando a se mover. "Há algumas contrações musculares, vários espasmos. Claro que o movimento não é total, mas sempre há evolução", disse ela. "A fisiatra da Karina nos animou, estamos esperançosos".

Em um relato dado ao UOL em março, a jovem contou ter expectativas de melhora. "Estou na cama, fazendo fisioterapia. Eles (fisioterapeutas) vêm aqui todos os dias, eu vou para o Lucy Montoro (centro de reabilitação). Tenho esperança de que vou voltar a andar. Não quero ficar aqui nessa cama", disse.

Karina teve uma fratura na vértebra C6, próxima ao pescoço, e foi submetida a uma nova cirurgia, onde recebeu uma placa de titânio para reverter a lesão.

Segundo Celso Vilella, médico fisiatra e diretor da Rede de Reabilitação Lucy Montoro de Santos, onde a jovem recebe acompanhamento, quando a fratura é parcial, o paciente pode sim ter chances de voltar a andar, mas isso depende de vários fatores. "A evolução depende do quanto a vértebra foi lesionada, da evolução do próprio paciente e da disposição dele para seguir o tratamento à risca".

Karina já está conseguindo fazer movimentos pois no caso dela houve uma lesão incompleta da vértebra, o que permite que algumas fibras ainda levem informação do cérebro para o músculo e vice-versa. "Ao estimularmos um movimento constante dos músculos, estimulamos também essa fibra, para tentar recuperar os movimentos quando o paciente pensar em fazê-los", diz o médico.

Num tratamento como o dela, o tetraplégico reaprende a fazer todos os tipos de movimentos, de escovar os dentes a andar. "O intuito é também fazer o paciente voltar a ter consciência corporal, para que possa fazer tudo isso sozinho um dia."

Corpo tem prazo para se recuperar

Vilella afirma que após a lesão, o corpo tem um prazo para evoluir. "Ele tem até dois anos para melhorar. Depois disso entra em uma fase crônica e mantém o movimento que conseguiu aprender até aquele momento. Nessa hora é importante que o paciente continue fazendo a fisioterapia, porque, por mais que o quadro não evolua, ele pode piorar".

O médico dá o exemplo de quando quebramos o braço. Ficar sem mexer o membro por meses fará com que ele atrofie. "Ele precisa se movimentar com frequência para que não regrida os movimentos. No caso do paciente com tetraplegia, a pessoa pode e deve continuar os exercícios em casa."

Médico explica tratamento

Quando uma vértebra é lesionada, ela pode ser parcial ou completa. Quando a secção é completa, a chance de o paciente voltar a andar é praticamente nula. Mas ainda assim ele precisa se movimentar pelo resto da vida, para não atrofiar a musculatura.

Quando a lesão é parcial, ele pode voltar a movimentar os membros com a ajuda de um tratamento intensivo. "Ele é multiprofissional e inclui psicóloga, fisioterapeuta, nutricionista, alguém para cuidar do condicionamento físico e até um fonoaudiólogo, porque a lesão pode afetar a musculatura respiratória", explica Vilella.

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