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Medicamento de HIV pode ser eficaz para tratar Alzheimer, diz estudo

Branimir76/IStock
Imagem: Branimir76/IStock

Giulia Granchi

Do UOL VivaBem, em São Paulo

22/11/2018 17h57

Há mais de 18 anos, um grupo de cientistas levantou a hipótese de que o DNA dos neurônios sofre uma recombinação natural. Algo parecido já havia sido comprovado no sistema imunológico, para a criação de anticorpos.

Agora, um trabalho publicado no periódico científico Nature confirma a suspeita de anos atrás. Diferentemente da maioria das células do nosso corpo, os neurônios do cérebro têm a capacidade de reorganizar seu próprio DNA. A descoberta pode explicar como a doença de Alzheimer se desenvolve e abrir caminho para novos tratamentos usando medicamentos existentes, como o AZT usado contra o HIV.

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A equipe encontrou cerca de 10 vezes mais variantes do gene responsável pela produção de beta-amilóide (proteína que se aglomera no cérebro dos pacientes com a condição) - chamado de APP - em células cerebrais de pessoas com doença de Alzheimer. Essas variações foram capazes de produzir uma gama de proteínas tóxicas, além de beta-amilóide.

A descoberta pode explicar por que os medicamentos de Alzheimer que visam especificamente a beta-amilóide tiveram sucesso limitado, segundo Jerold Chun, principal responsável pelo artigo. "Eles podem estar perdendo milhares de outros produtos tóxicos que são um pouco diferentes ou talvez muito diferentes", diz ele.

A pesquisa ainda indica um medicamento que pode ajudar a combater a doença, o conhecido AZT, um antirretroviral usado na terapia contra o HIV.

Os antirretrovirais são inibidores de uma enzima chamada transcriptase reversa, e esse fenômeno de geração de variantes do APP dependem dessa enzima. Daí, surgiu a hipótese de um possível tratamento para pacientes com Alzheimer.

Stevens Rehen, cientista brasileiro envolvido na primeira fase do estudo

Em entrevista ao UOL VivaBem, Rehen, que participou da primeira fase do estudo nos anos 2000, conta que dados científicos também mostram que idosos que fazem uso do medicamento têm uma incidência muito menor de demência. Esse trabalho é um dos mais animadores na área de biologia molecular nos últimos anos. "Esse tipo de pesquisa nunca para. Ainda será preciso outros grupos de pesquisa para confirmar os resultados, que o fenômeno seja estudado em outras doenças degenerativas e que testes com pacientes sejam realizados."

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