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Izabella Camargo: "trabalhar de madrugada piorou minha saúde". Faz sentido?

Apresentadora teve Síndrome de Burnout, condição que tem a sobrecarga no trabalho como motivo número um para desenvolvimento - Divulgação
Apresentadora teve Síndrome de Burnout, condição que tem a sobrecarga no trabalho como motivo número um para desenvolvimento Imagem: Divulgação

Maria Júlia Marques

Do UOL VivaBem, em São Paulo

09/11/2018 12h13

A apresentadora Izabella Camargo disse que foi um choque ser demitida na última segunda-feira (5) pela diretoria de Jornalismo da Globo. O susto se deve ao fato de que ela estava voltando de uma licença médica por ter desenvolvido a Síndrome de Burnout, um problema grave associado à rotina estressante e as muitas exigências profissionais.

“Estou sendo punida por ter ficado doente, com uma doença funcional, e os laudos provam isso. O turno da madrugada vai te dando um déficit celular. Trabalhar em horário especial descompensa os órgãos”, afirmou Camargo em entrevista ao site  Notícias da Tv. A repórter contou que estava acordando por volta das 2 h para começar a trabalhar às 3 h.

Pode soar exagerado dizer que a mudança de turno afeta tanto o corpo, mas é verdade. O organismo não consegue compreender a troca e sofre sem se adaptar. Para ter uma ideia, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o trabalho noturno é uma das prováveis causas de câncer, devido à ruptura do ritmo circadiano --período de aproximadamente 24 horas em que se baseia o ciclo biológico. Uma pesquisa conseguiu até cravar um aumento de 19% no risco de câncer de trabalhadoras que faziam turnos noturnos de longa duração. 

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“No corpo tudo é programado e funciona como um relógio. A melatonina, por exemplo, é um hormônio que induz o sono e é liberado sempre ao escurecer no fim do dia. Você pode mudar seu horário, mas o hormônio não mudará o dele”, explica Luiz Scocca, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Dormir bem é uma recomendação para manter o corpo funcionando adequadamente, para ser mais saudável. Ao sair do ritmo de sono você enfraquece, passa constantemente por cima do impulso biológico que diz que você deveria estar dormindo e não trabalhando, e acaba em um estado de “jet lag” constante. 

Além disso, não criar uma rotina saudável de sono faz com que você libere mais substâncias relacionadas ao estresse. “Por um lado, o estresse é positivo, libera cortisol e adrenalina, te deixando atento, em alerta. Porém, manter esse estado de hipervigília por meses leva a fadiga crônica e esgotamento. Você fica hiperestimulado por muito tempo, achando que precisara dos seus instintos de luta ou fuga, mas é só seu trabalho. O corpo perde forças e começa a falhar”, diz Fabio Porto, neurologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Nesse ciclo de pouco sono e muito estresse, o cérebro fica desregulado e, por ser o maestro da nossa orquestra, pode lesar o funcionamento de outros órgãos. “Fora que o cortisol em excesso enfraquece o sistema imunológico e deixa o organismo mais exposto a doenças, além de elevar o nível de inflamações e poder reduzir partes do cérebro relacionadas a memória”, completa Scocca.

Estudos mostram ainda que trabalhadores noturnos têm maior risco de desenvolver diabetes tipo 2. No caso de Izabella, a repórter podia já sofrer com os sintomas da Síndrome de Burnout e a mudança brusca de turno de trabalho somou aos danos e estresse.

O que é a Síndrome de Burnout?

Estresse, burnout, esgotamento - iStock - iStock
Imagem: iStock

Cada vez mais pessoas sofrem com a condição, que também é chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, e tem a sobrecarga no trabalho como motivo número um para seu desenvolvimento.

A lista dos sintomas é longa, quem sofre do problema pode apresentar taquicardia, desorientações físicas, apagões, falta de ar, fraqueza, dores musculares, de coluna e de cabeça, tremores, náuseas, palpitações, tonturas, alterações no sono e no humor, além de falta de apetite, irritação e ansiedade.

Situações como a falta de reconhecimento do gestor, baixo nível de autonomia e de participação nas decisões, corte de gastos, reestruturações na empresa, impossibilidade de promoção e conflitos com o chefe ou com colegas também podem desencadear o transtorno.

Para identificar o problema, o especialista analisa o histórico do paciente, sua relação com o trabalho e os sintomas percebidos. Se não cuidado, o transtorno pode causar úlceras, cardiopatias, diabetes, doenças autoimunes, crises de pânico e depressão; ou levar ao alcoolismo, uso de drogas e até mesmo suicídio. Portanto, ao primeiro sinal de que algo está errado, procure ajuda psicológica ou psiquiátrica.

A psicoterapia aliada à reeducação em relação à forma de trabalhar tem se mostrado a melhor forma de tratamento. A ideia é baixar a tensão e reduzir os sintomas de hipervigília, logo, exercícios de relaxamento como ioga e meditação também são bem-vindos. Dependendo da gravidade do caso, médicos podem recomendar ansiolíticos ou antidepressivos. 

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