Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Por que a visão não fica preta ao piscarmos? Entenda como o cérebro reage

O cérebro preenche as lacunas de quando as pálpebras fecham, mantendo na cabeça uma imagem instantânea que preenche os breves momentos durante o piscar - iStock
O cérebro preenche as lacunas de quando as pálpebras fecham, mantendo na cabeça uma imagem instantânea que preenche os breves momentos durante o piscar Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

30/09/2018 11h17

Você sabia que um adulto costuma piscar cerca de 15 vezes por minuto? Aposto que não, porque quando piscamos mal notamos que algo aconteceu, nossa visão parece ininterrupta. Um grupo de cientistas ficou curioso como nosso cérebro consegue juntar as imagens mesmo fechando os olhos por alguns instantes, e resolveu analisar a questão.

Em um novo estudo, publicado na revista Current Biology, cientistas descobriram que o córtex pré-frontal -uma região do cérebro envolvida na tomada de decisões e na memória a curto prazo- é o responsável por unir o que vemos entre os flashes ou outras interrupções da nossa visão.

Veja também:

Ao desvendar essa função, foi possível provar que o córtex pré-frontal desempenha um papel importante na memória perceptual, que é a responsável por armazenar fragmentos de imagens, cheiros e sons, mesmo que você não tenha criado conexões completas com eles. Ou seja, você estava no ambiente e viu tudo aquilo, e mesmo sem saber se você precisará daquela informação depois, você armazena por ter vivenciando.

O que acontece quando piscamos?

Quando uma pessoa pisca, o que quer que ela esteja olhando é retido pelo cérebro, a imagem fica “congelada” e é conectada ao que os olhos veem quando os olhos se abrem novamente.

O cérebro preenche as lacunas de quando as pálpebras fecham, mantendo na cabeça uma imagem instantânea que preenche os breves momentos durante o piscar, quando a entrada visual é pausada.

Para chegar nessa resposta, os cientistas criaram uma experiência que demonstra a conexão visual entre duas imagens. Os pesquisadores fizeram testes com seis pessoas com epilepsia que tinham eletrodos implantados no cérebro para tratar a condição, o que permitiu o registro de suas atividades cerebrais.

No experimento, os participantes olhavam duas imagens distintas que podiam ser interpretadas como verticais ou horizontais, uma após a outra, e tinham que escolher a direção das figuras.

Os cientistas notaram que a atividade no córtex pré-frontal era ativada se a orientação selecionada para a segunda imagem correspondesse à orientação da primeira. Assim, os pesquisadores sugeriram que a visão da primeira imagem influenciou a maneira como os sujeitos viam a segunda, os voluntários gravaram o que viram antes de piscar e replicavam ao olhar uma nova figura.

A atividade no córtex pré-frontal durante esses experimentos mostra que esta região do cérebro está envolvida quando a memória perceptual está em andamento.

Além disso, também foi possível notar que os pacientes que estavam perdendo parte de seu córtex pré-frontal devido a uma cirurgia anterior, eram incapazes de armazenar informações para formar memórias perceptivas durante o teste, o que sugere que o córtex pré-frontal é necessário para esse tipo de memória funcionar.

Essas descobertas demonstram que o córtex pré-frontal ativamente "calibra" novas entradas com dados visuais anteriores, "e assim nos permite perceber o mundo com mais estabilidade - mesmo quando brevemente fechamos os olhos", concluiu a pesquisa.

SIGA O UOL VIVABEM NAS REDES SOCIAIS
Facebook - Instagram - YouTube