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O que fazer quando não se tem mais cartilagem no joelho?

Daniel Navas

Colaboração para UOL VivaBem

25/09/2018 04h00

"O médico me disse que estou sem cartilagem em meu joelho. E agora?"

A cartilagem é uma estrutura muito importante para todas as articulações do corpo, e isso inclui os joelhos. Afinal de contas, ela serve para suavizar o impacto de um osso com o outro. O problema é que alguns fatores podem contribuir para que a cartilagem desapareça, como a idade, excesso de peso e da prática de atividades de alto impacto, esforço repetitivo da articulação, histórico familiar, alterações hormonais e deformidade articular.

Caso o problema seja detectado em um ou nos dois joelhos, o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. No primeiro caso, a terapia é feita com medicamentos, fisioterapia e fortalecimento muscular. Muitos dos remédios utilizados têm como objetivo aliviar a dor, como analgésicos e anti-inflamatórios.

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Já o procedimento cirúrgico pode ser realizado de diversas maneiras:

  • Condroplastia: cirurgia plástica para a reparação da cartilagem;
  • Microperfurações: pequenos furos locais no osso para induzir um sangramento. Isso porque serão liberados junto com o sangue fatores pró inflamatórios e interleucinas, macrófagos que ajudarão na formação de um tecido fibrocartilaginoso para diminuir o impacto articular. Porém, não é igual ao tecido original do local;
  • Mosaicoplastia: é a retirada da cartilagem do próprio paciente de um local que não recebe carga articular para ser inserido na lesão do joelho;
  • Transplante de condrócitos: células da cartilagem sadia são retiradas e cultivadas em laboratório para depois serem implantadas na lesão. Porém, esse tipo de cirurgia tem um alto custo;
  • Cartilagem sintética: é um material de baixo atrito colocado na lesão;
  • Transplante osteocondral: quando é usada a cartilagem de um doador para ser introduzida no paciente com a lesão.

É válido lembrar que a indicação do tratamento clínico ou cirúrgico depende da idade, profissão, nível de prática de exercício físico, tipo de lesão e seu local, além da estrutura física do paciente. E para evitar o desgaste da cartilagem é preciso primeiramente identificar potenciais fatores de risco que possam sobrecarregar esta estrutura. Isso deve ser feito pelo seu médico ortopedista.

Depois, deve-se criar um plano de tratamento para corrigir ou minimizar as ações destes fatores, ao mesmo tempo em que as atividades físicas devem ser estimuladas. Uma pesquisa publicada na revista americana Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy (JOSPT), em 2017, demonstrou que corredores de rua que praticam corrida até 20 km por semana, têm menor chance de desgaste da cartilagem nos joelhos e quadris do que quando comparados a indivíduos sedentários ou corredores profissionais que correm em torno de 50 km por semana.

Alguns pacientes têm utilizado medicamentos chamados condroprotetores para evitar a lesão da cartilagem. Porém, ainda não existem estudos científicos que demonstrem a real eficácia dessas drogas. A única pesquisa até o momento foi apresentada no ano passado na Revista Acadêmica Plos One, em que os peptídeos de colágenos tiveram bons resultados para a proteção da cartilagem. Por isso, o ideal sempre é ficar de olho no histórico familiar e cuidar dos fatores de risco já mencionados.

Fontes: Bernard Kyt, médico do esporte da Pulse Medicina Esportiava, em São Paulo e especialista em fisiologia e biomecânica pelo Centro de Estudos Godoy Moreira (CEGON) no Instituto de Ortopedia do Hospital das Clinicas da Faculdade do Estado de São Paulo (HCFMUSP), João Barboza da Silva Neto, professor do curso de fisioterapia da Faculdade de Medicina do ABC e especialista em fisioterapia musculoesquelética com aprimoramento em quadril, joelho, trauma esportivo e pediatria ortopédica pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Márcio de Castro Ferreira, ortopedista especializado em cirurgia de joelho do HCor, em São Paulo.

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