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Usar adoçante estévia talvez não seja tão saudável assim

Não há estudos suficientes que comprovem o estévia como um adoçante seguro para a saúde - iStock
Não há estudos suficientes que comprovem o estévia como um adoçante seguro para a saúde Imagem: iStock

Alice Callahan

Do New York Times

09/05/2018 11h30

Grandes organizações de saúde e segurança alimentar costumam ver a estévia, um adoçante feito de uma planta nativa da América do Sul, como segura. Porém, pesquisadores alertam que não temos provas suficientes para compreender totalmente como os produtos feito a estévia, os chamados adoçantes não nutritivos que não têm calorias, afetam o organismo.

Em iguais quantidades, a estévia é de 200 a 400 vezes mais doce que o açúcar comum, então uma pequena quantidade pode adicionar muita doçura. A estévia é encontrada em produtos como refrigerantes e chá gelado, adoçantes em pacote de diversas marcas, e em alimentos vendidos como tendo pouco açúcar, tais como sorvete e iogurte.

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Os adoçantes de estévia são extratos purificados de um tipo de componente, chamado glicosídeo de esteviol, encontrado nas folhas da planta estévia. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar e a Organização Mundial da Saúde afirmam que esses compostos são seguros nas quantidades geralmente utilizadas. A conclusão é baseada em estudos --em sua maioria bancados pela indústria-- em bactérias e roedores que normalmente mostram que a estévia não provoca danos no DNA nem câncer, além de vários estudos com humanos que não constataram efeitos na pressão sanguínea ou na glicose do sangue.

O Centro para Ciência no Interesse Público, grupo americano de defesa ligado a alimentos, que tem sido crítico a substitutos do açúcar, a princípio teve preocupações em relação aos adoçantes de estévia quando estes chegaram ao mercado em 2008, dizendo que a FDA, agência norte-americana reguladora de alimentos e medicamentos, deveria ter exigido mais testes. Entretanto, o grupo classificou a estévia como um dos substitutos mais seguros em relatório de 2014, em parte por conta de um longo histórico de uso no Japão.

Esse adoçante é digerido por bactérias no intestino grosso, mas sintomas gastrointestinais como estufamento e diarreia não foram citados nos estudos. Todavia, alguns produtos com estévia também contêm alcoóis de açúcar, como eritritol, que pode provocar problemas digestivos se consumido em grande quantidade.

Estévia - iStock - iStock
Presumir cegamente que os adoçantes de estévia são uma alternativa saudável ao açúcar não é sensato sem provas que comprovem isso
Imagem: iStock

Usar estévia é uma estratégia razoável para reduzir a quantidade de açúcar consumido, afirma Marina Chaparro, nutricionista e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética. “Ela dá sabor sem acrescentar o açúcar extra nem afetar a glicose do sangue”, o que é especialmente útil para diabéticos, explica.

Contudo, não se tem certeza se a utilização de adoçantes sem calorias como a estévia pode reduzir a ingestão calórica. Por exemplo, um estudo pequeno recente constatou que, quando os participantes haviam adoçado com estévia e não com açúcar pela manhã, compensavam comendo mais na hora do almoço, em conjunto com picos maiores de insulina e glicose do sangue nesse período.

Pesquisadores temem que o uso de adoçantes sem nutrientes em longo prazo poderia ter efeitos metabólicos não intencionais que podem não ser detectados empregando exames toxicológicos normais ou outras medidas. "Em geral, no caso de adoçantes sem nutrientes, não temos provas, mas isso é especialmente verdadeiro no caso da estévia", que não tem sido estudada em grande escala, afirma Meghan Azad, professora assistente de Pediatria e Saúde Infantil da Universidade de Manitoba, Canadá.

Azad foi a principal autora de um estudo recente de longo prazo com adoçantes sem nutrientes, o qual concluiu que eles podem não ser úteis para a perda de peso e, em algumas pesquisas, estavam ligados à incidência aumentada de diabetes, obesidade e doenças cardíacas. Ela e os outros autores, no entanto, não encontraram estudos de longo prazo de estévia em particular para incluir na análise.

Pesquisa adicional questiona como esses adoçantes podem afetar os micróbios do intestino ou se o gosto dos adoçantes sem a recompensa das calorias poderia alterar a regulação da ingestão de energia e a resposta ao consumo de açúcar.

Segundo Azad, tais preocupações são preliminares e precisam de mais pesquisa. Porém, "presumir cegamente que eles são uma alternativa saudável ao açúcar não é sensato sem provas que comprovem isso".

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