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Médico "entrega" desculpas mais esfarrapadas ao subir na balança

Para evitar os números incorretos na balança, o cardiologista recomenda se pesar sem nada nos bolsos e, de preferência, sem roupas - Getty Images
Para evitar os números incorretos na balança, o cardiologista recomenda se pesar sem nada nos bolsos e, de preferência, sem roupas Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/10/2013 07h00

"Sua balança está errada". "Eu não como quase nada, como pode?". "Tenho muitas chaves no bolso". Essas são só algumas desculpas esfarrapadas já ouvidas pelo cardiologista do hospital Israelita Albert Einstein, Elias Knobel na hora da pesagem dos pacientes. "Um dos questionamentos mais frequentes no consultório médico é sobre a fidelidade dos números registrados na balança. O momento é especial e cercado de brincadeiras, às vezes, tensão e até protestos", confessa.

O médico lançou o livro de crônicas "Vivências e Confidências" (Ed. Atheneu), em que descreve histórias inusitadas, engraçadas e emocionantes vividas em quatro décadas de profissão, entre elas a experiência dos pacientes na hora de subir na balança.

De acordo com Knobel, muitos pacientes culpam a hora do dia - como ter vindo de um almoço ou acreditam engordar à tarde - e vestimentas e acessórios, como meias, calças, relógio e chaves. "Quando a pessoa está com roupas mais pesadas o peso fica comprometido mesmo. Se ela estiver com prisão de ventre, sem evacuar por três dias, ou com a bexiga cheia a diferença também é significativa. Isso pode somar um quilo na balança ou até mais", estima Knobel.

Para evitar os números incorretos na balança, o cardiologista recomenda se pesar sem nada nos bolsos (chaves, celular e etc.) e de preferência com roupas leves ou sem roupas.

Os atletas de final de semana alegam aumento da massa muscular, mas Knobel avalia que nem sempre é fácil identificar se o aumento de peso é realmente massa magra. "O nutricionista consegue medir a massa muscular e identificar se a pessoa ganhou peso por este motivo. Mas garanto que é desproporcional o número de pessoas que utilizam esta desculpa com a realidade", complementa.

O cardiologista conta que muitos pacientes ficam revoltados na hora de subir na balança. "Eles não chegam a chorar, mas saem muito tristes do consultório. Na verdade, quando a pessoa vai se pesar, ela já tem uma ideia do peso. Mas sempre tento atenuar o momento com alguma brincadeira, já que é uma hora difícil sim. Alguns casos chegam a ser doentios. O momento é muito estressante, principalmente para as mulheres", pondera.

Knobel afirma que o papel do cardiologista ao notar que o paciente está acima do peso é muito importante, pois a obesidade é um fator de risco para doenças cardiovasculares. "Qualquer indivíduo acima do peso é mais propenso a apresentar doenças, como pressão alta, diabetes, níveis de gordura no sangue, problemas de coluna, disfunções das mais variadas. A obesidade faz mal para o corpo. É necessária uma abordagem holística, não olhar apenas para um número na balança", explica.

“Vivências e Confidências”
Autor: Elias Knobel
Editora Atheneu
182 páginas
R$ 35,00