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Novo Código Florestal pode comprometer metas de redução prometidas pelo Brasil

Lilian Ferreira

Do UOL Ciência e Saúde, em Cancún

29/11/2010 07h00

Na última conferência do clima, no ano passado, o Brasil informou que irá reduzir suas emissões de 36% a 39% até 2020. Entretanto, as alterações no Código Florestal podem significar um grande aumento do desmatamento no Brasil. “Tem que haver uma discussão sobre o Código Florestal, não pode ser aprovado a toque de caixa. É bom lembrar que as maiores emissões do país vêm do desmatamento”, lembra a coordenadora da campanha de Clima do Greenpeace Brasil, Nicole Oliveira.

Branca Bastos Americano, secretária de mudanças climáticas e qualidade ambiental do Ministério do Meio Ambiente, diz que o desmatamento é sim a principal fonte de emissões e, assim, principal foco de combate no Brasil. “Mas isso não quer dizer que a gente se restrinja a isso, energia, agricultura e siderurgia também são áreas importantes”.

Quase 60% das emissões do Brasil em 2005 (último dado divulgado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia) vieram do uso da terra. A meta brasileira é diminuir o desmatamento em 80% até 2020.

Segundo o pesquisador do Inpe, Carlos Nobre, o Brasil já conseguiu cortar 60% das emissões por destruição das florestas. Para Carlos Rittl, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, é necessário que haja metas de redução do desmatamento internacionais e mecanismos que permitam o envio de recursos internacionais para esta área.

Além disso, Tércio Ambrizzi, coordenador do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP, lembra que é necessário um controle maior, com leis mais rígidas, para garantir a queda das reduções. “Cidades como São Paulo já possuem legislação própria de redução, mas outros lugares ainda não têm maneiras legais de controle das emissões”.