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Estudo mostra aumento no fluxo menstrual após vacinação contra covid-19

Photoboyko/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Photoboyko/Getty Images/iStockphoto

15/07/2022 19h26

Um estudo com mais de 35 mil participantes —mulheres e pessoas com diversidade de gênero— indicou que 42% das mulheres apresentou um aumento do fluxo menstrual nas duas semanas seguintes à vacinação contra a covid-19.

A pesquisa, além disso, descreve pela primeira vez a aparição de sangramento espontâneo em um alto número de pessoas que não tinham menstruação —por estarem na menopausa ou por fazerem algum tratamento hormonal contraceptivo para mudança de gênero—, após a aplicação de imunizante contra o novo coronavírus.

As conclusões do estudo, publicadas nesta sexta-feira na revista Science Advances, confirmam um efeito secundário que vinha sendo alertado por mulheres e ignorado até então.

Os dados da pesquisa mostram, contudo, que as alterações são temporárias e estão associadas a determinados fatores desencadeantes, como a idade, efeitos secundários sistêmicos associados à vacina (febre ou fadiga), ou o histórico de gravidez e partos, entre outros.

"As pessoas que menstruam, e as que antes menstruavam, começaram a comentar que tinham um sangramento inesperado, depois que era administrada a vacina, no início de 2021", indicaram as responsáveis pelo estudo, Katharine Lee, da Universidade de Tulane; e Kathryn Clancy, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

Nos testes clínicos das vacinas, não se perguntava sobre os ciclos menstruais ou hemorragias, por isso, o efeito secundário acabou sendo ignorado ou descartado, apesar de alguns imunizantes, como os contra a febre tifóide, a hepatite B, entre outros, possam alterar o fluxo menstrual.

As pesquisadoras só incluíram dados de pessoas que não tinham sofrido a covid-19, pois a doença pode provocar mudanças no fluxo menstrual.

Além disso, foram excluídas as pessoas de 45 a 55 anos, para evitar que os resultados fossem confundidos com a menopausa ou mudanças prévias.

Das entrevistadas, 42,1% disseram que tiveram fluxo menstrual mais abundante nas semanas após a vacinação; 43,6% indicaram que não houve alteração; e 14,3% apontaram que não tiveram mudança ou menos sangramento do que o habitual.

O estudo detectou possíveis associações com antecedentes reprodutivos, estado hormonal, demografia e mudanças na menstruação de uma pessoa após a vacinação.

Por exemplo, mulheres que tinham passado por uma gravidez eram mais propensas a informar sobre sangramento mais abundante após a inoculação, com um leve aumento entre as que não tinham dado a luz.

Mais de 70% das participantes que utilizavam contraceptivos reversíveis de ação prolongada e 38,5% das que estavam submetidas a tratamentos hormonais de reafirmação de gênero informaram este efeito secundário.

Embora as alterações menstruais não sejam inusuais ou perigosas, as mudanças inesperadas podem sem motivo de preocupação.

"O sangramento intermitente inesperado é um dos primeiros sinais de alguns cânceres nas pessoas pós-menopáusicas e nas que utilizam hormônios de afirmação de gênero", explicou Lee.

Por isso, "esse crivo é muito importante para poder detectar os cânceres a tempo", completou Clancy.

As autoras, contudo, reafirmaram que a vacinação é uma das melhores formas de prevenir a covid-19, a internação e a morte pela doença.