Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Primeiras vacinas contra coronavírus podem não impedir contágio

Para professor do Imperial College London, vacinas iniciais podem ter limitações - Cravetiger / Getty Images
Para professor do Imperial College London, vacinas iniciais podem ter limitações Imagem: Cravetiger / Getty Images

John Lauerman e James Paton

15/06/2020 07h53

A corrida para impedir que economias entrem em colapso devido ao impacto da covid-19 pode resultar em uma vacina que impeça casos graves ou morte pela doença, mas não o contágio por coronavírus.

Embora derrotar o vírus seja o objetivo final, as vacinas iniciais podem ter limitações quanto ao que podem oferecer, de acordo com Robin Shattock, professor do Imperial College London que lidera o desenvolvimento de uma vacina experimental.

"É proteção contra a infecção?" Shattock disse. "É proteção contra a doença? É proteção contra uma doença grave? É bem possível que uma vacina que apenas proteja contra uma doença grave seja muito útil."

À medida que países emergem com cautela das quarentenas, líderes buscam uma vacina preventiva como o caminho para retornar à vida pré-pandemia. Financiadas por bilhões de dólares em investimentos de governos, vacinas de empresas pouco conhecidas como a chinesa CanSino Biologics e de gigantes como Pfizer e AstraZeneca estão em desenvolvimento.

Pelo menos uma das vacinas experimentais mais adiantadas já avançou para testes em humanos, depois de mostrar impacto em casos graves - mas menos na infecção - em animais. Especialistas dizem que esse produto provavelmente seria amplamente utilizado se aprovado, mesmo com efeito limitado, até que uma versão mais eficaz chegue ao mercado.

"As vacinas precisam proteger contra a doença, não necessariamente a infecção", disse Dennis Burton, imunologista e pesquisador de vacinas da Scripps Research em La Jolla, Califórnia.

Desvantagens

Existem desvantagens, no entanto. Embora possuam o potencial de salvar vidas, essas vacinas podem levar à complacência em países fatigados pelas quarentenas, disse Michael Kinch, especialista em desenvolvimento de medicamentos que é vice-chanceler associado da Universidade de Washington, em St. Louis.

"Meu palpite seria que, no dia seguinte a alguém ser imunizado, vai pensar: 'posso voltar ao normal. Vai ficar tudo bem'", disse. "Não vai necessariamente perceber que ainda pode ser suscetível à infecção."

Acredita-se que a Covid-19 seja propagada por pessoas sem sintomas, e uma vacina para prevenir sintomas pode criar um número ainda maior desses casos.

Vacinas estão entre as armas mais eficazes contra doenças infecciosas e previnem até 3 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No entanto, poucas, ou talvez nenhuma, são 100% eficazes em todas pessoas vacinadas. Por exemplo, cerca de 3% das pessoas vacinadas contra o sarampo desenvolvem uma forma leve da doença e podem contagiar outras pessoas.

130 vacinas

Na tentativa de enfrentar uma ameaça que cresce rapidamente, desenvolvedores se voltam para tecnologias que nunca foram usadas com sucesso em humanos. Mais de 130 vacinas estão sendo desenvolvidas para a prevenção da Covid-19, de acordo com a OMS.

Outra vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford usa uma abordagem inovadora na qual os genes da Covid são inseridos em um vírus diferente e inofensivo. Eles produzem proteínas reconhecidas pelo sistema imunológico, o que aumenta as defesas contra uma infecção real.

Cerca de 25% das vacinas experimentais listadas pela OMS, incluindo duas já em estudos com seres humanos, seguem a mesma abordagem da vacina da Oxford. Uma das vantagens da tecnologia é a velocidade. A AstraZeneca, em parceria com a Oxford, disse que começará a fornecer doses para o Reino Unido a partir de setembro, e terá doses para os EUA, que ajudaram a financiar o desenvolvimento, no mês seguinte.

No fim de semana, a AstraZeneca e quatro países da União Europeia disseram ter fechado um acordo para distribuir centenas de milhões de doses da vacina.