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Coronavírus é 'tão mortal quanto ebola' em casos de internação, diz estudo britânico

Estudo britânico considerou dados de quase 17 mil pacientes internados no Reino Unido, mostrando que pelo menos um terço deles não resiste à doença - Getty Images
Estudo britânico considerou dados de quase 17 mil pacientes internados no Reino Unido, mostrando que pelo menos um terço deles não resiste à doença Imagem: Getty Images

James Gallagher

30/04/2020 09h07

Taxa de letalidade para pessoas internadas com casos graves de covid-19 é de 35% a 40%, mostra estudo com quase 17 mil pacientes do Reino Unido.

Pessoas internadas em hospitais por conta do novo coronavírus têm a mesma probabilidade de morrer do que aquelas hospitalizadas pelo vírus do ebola, segundo nova pesquisa conduzida no Reino Unido.

Trata-se do maior estudo da Europa analisando casos de covid-19, incluindo dados de 16.749 pacientes internados no Reino Unido. No entanto, o estudo, divulgado na plataforma medRxiv, não passou ainda pelo processo de peer review - ou revisão por pares, quando outros especialistas analisam anonimamente o trabalho dos autores antes da publicação.

De acordo com a pesquisa, pelo menos um terço dos pacientes internados com covid-19 morrem. Dos casos analisados:

  • 49% sobreviveram e receberam alta;
  • 33% morreram;
  • 17% ainda estavam em tratamento.

A doença tem manifestação leve para a maioria das pessoas e pode ser tratada em casa, mas cientistas apontam que é importante destacar o quão perigosa a infecção pode ser.

Ser obeso, ter idade avançada e ser homem são fatores que aumentam muito o risco de morte, segundo indicam dados de 166 hospitais britânicos.

"Algumas pessoas insistem em acreditar que a covid-19 não é pior do que uma gripe ruim. Elas estão gravemente enganadas", diz Calum Semple, pesquisador líder do estudo e professor de medicina da Universidade de Liverpool.

"A taxa bruta de mortalidade para pessoas internadas com casos graves de covid-19 é de 35% a 40%, o que é semelhante à das pessoas internadas no Ebola."

"As pessoas precisam ouvir isso e colocar na cabeça... é uma doença incrivelmente perigosa."

No entanto, em geral, acredita-se que a taxa de mortalidade pelo novo coronavírus é inferior a 1%, pois muitas pessoas têm manifestações leves da doença.

Altas taxas de morte fora das UTIs

Percentual de mortes entre pacientes internados com covid-19 em UTIs do Reino Unido foi de cerca de 45% - Getty Images - Getty Images
Percentual de mortes entre pacientes internados com covid-19 em UTIs do Reino Unido foi de cerca de 45%
Imagem: Getty Images

O estudo também mostrou que 31% dos pacientes tratados em leitos normais morreram, aumentando para 45% nas unidades de terapia intensiva (UTI) - onde são desempenhadas as intervenções mais drásticas, como uso da ventilação mecânica.

Mas a equipe da pesquisa apontou que a taxa de mortalidade aparentemente alta em leitos normais não se deveu a uma falta de leitos de UTI. Em vez disso, eles argumentam que pode se tratar de uma decisão correta de não colocar pacientes em tratamento intensivo.

A médica Annemarie Docherty, consultora honorária em UTIs da Universidade de Edimburgo, afirma: "Se há muito pouca ou nenhuma perspectiva de recuperação, acho que não estamos fazendo nenhum favor a essas pessoas colocando-as em uma Unidade de Terapia Intensiva."

"Acho que esta é uma discussão muito apropriada e madura que estamos tendo, no momento, em hospitais do Reino Unido."

Fatores de maior risco

O estudo confirmou algo amplamente observado em outros países - a covid-19 é mais mortal nas faixas etárias mais velhas.

Também mostrou que a diferença entre homens e mulheres aumenta com a idade. Semple diz: "Em todas as faixas etárias, mais homens do que mulheres são afetados, e a diferença aumenta à medida que envelhecemos".

A explicação para a obesidade como fator de risco não é direta, mas possivelmente envolve o fato dela estar associada a outros problemas de saúde que deixam o organismo mais vulnerável. O tecido adiposo também pode liberar substâncias químicas que aumentam a inflamação no corpo - processos inflamatórios mais evidentes têm sido observados nos casos mais graves da covid-19.