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Empresário que negociou Covaxin tem histórico de investigações

Empresas de Francisco Emerson Maximiano, da Precisa Medicamentos, são investigadas por fraudes e dívidas Imagem: Debajyoti Chakraborty / NurPhoto via Getty Images

Bruno Ribeiro, Fernanda Guimarães, Isadora Rupp e Tulio Kruse

Em São Paulo

23/06/2021 13h34Atualizada em 23/06/2021 14h18

No centro das apurações sobre o processo de aquisição das vacinas indianas Covaxin pelo governo Jair Bolsonaro, o empresário Francisco Emerson Maximiano atua no setor farmacêutico há mais de uma década.

Nome tido como próximo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ele é dono de empresas que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões do MDB e do PT, além de uma série de processos judiciais de cobranças de dívidas.

Maximiano era esperado hoje na CPI da Covid, mas sua defesa alegou ontem que ele não poderia prestar depoimento porque está em quarentena por causa de uma viagem à Índia.

Uma das empresas de Maximiano é a Precisa, que em janeiro deste ano havia se tornado a única representante no país da Bharat Biotech, fabricante indiana da Covaxin.

Na ocasião, o empresário brasileiro viu grande oportunidade de negócios e, de posse do contrato de representação, procurou a Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC), que organizou uma comitiva ao país asiático.

O trunfo de Maximiano, segundo um integrante da associação, era o fato de a Bharat se apresentar como única empresa no mundo disposta a vender vacinas para o setor privado - embora ela tivesse dito, no comunicado, que a preferência seria a venda para o governo federal.

Os termos da aproximação entre a Precisa e a Bharat ainda não são claros para a CPI. A reunião que selou a parceria teve presença, virtual, do embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, segundo informações do fabricante indiano.

A Precisa é uma empresa que Maximiano adquiriu em 2014, vendida pela Orizon - empresa do grupo Bradesco. Desde 2012, ele era sócio de outra companhia do setor, a Global Gestão em Saúde. Atualmente, além das duas empresas, ele é sócio de outras nove companhias, sendo quatro do ramo da saúde.

A Global já teve contratos com o governo federal, conforme o Estadão publicou em fevereiro. Enquanto Ricardo Barros era ministro da Saúde, a empresa vendeu, mas não entregou, remédios de alto custo ao ministério, um prejuízo estimado em R$ 20 milhões aos cofres públicos.

O Ministério Público Federal move uma ação contra a empresa e, contando os danos coletivos, cobra R$ 119 milhões da Global na Justiça.

Em março, a revista Veja publicou que a empresa também havia sido multada em R$ 2,3 milhões pela Petrobras por não cumprir contrato de fornecimento de medicamentos para funcionários da estatal.

O contrato havia sido assinado em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT), e havia sido encerrado no mesmo ano, após constatação de fraudes na execução do acordo.

A própria Precisa também já era investigada pelo Ministério Público Federal antes de obter o contrato com a Bharat.

Ela é um dos alvos da operação Falso Negativo, que desde o ano passado apura a venda de testes rápidos contra a covid-19 com valores superfaturados e qualidade inferior ao recomendado na gestão de Ibaneis Rocha (MDB). O contrato foi de R$ 20 milhões.

Débitos

Em São Paulo, Maximiano e suas empresas são alvo de ações de cobrança por atraso no pagamento de impostos e dívidas trabalhistas.

Em uma das companhias, a Interfarmácia, ele é cobrado por antigos sócios que alegam que tiveram de assumir dívidas trabalhistas que ele deixou de arcar, segundo processo no Tribunal de Justiça.

Ele também chegou a ser acionado por não pagamento do aluguel de uma cobertura, no bairro do Campo Belo, que contratou em parceria de um empresário e da modelo Marthina Brandt, Miss Brasil de 2015.

O empresário, entretanto, tem um padrão low profile. Não há fotos dele nas redes sociais e mesmo agentes do mercado e do setor farmacêutico o desconheciam antes do contrato com a Bharat.

A reportagem esteve nesta terça no endereço indicado em documentos enviados à CPI como domicílio de Maximiano, mas não o encontrou. O local na verdade é a sede da Precisa Medicamentos, em Barueri, na Grande São Paulo.

A empresa informou que ele cumpria quarentena em casa. A Precisa não se pronunciou. A reportagem também tentou contato com Barros, mas ele não atendeu às ligações nem retornou as mensagens. O Estadão não conseguiu localizar Marthina Brandt.

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