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Para que serve a espironolactona? Ajuda contra acne e emagrece? Saiba tudo

Espironolactona age contra pressão alta e outras condições; veja para que serve e como tomar - iStock
Espironolactona age contra pressão alta e outras condições; veja para que serve e como tomar Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

27/07/2022 04h00

Por ser diurético e anti-hipertensivo, a espironolactona é um medicamento indicado para tratar a pressão arterial elevada e também diminuir inchaços. Além disso, o fármaco trata a insuficiência cardíaca e é usado em casos de baixos níveis de potássio no sangue.

A espironolactona está na lista de medicamentos essenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde). E está disponível para uso desde 1959. A seguir, veja as principais dúvidas sobre o medicamento e os possíveis efeitos colaterais.

Espironolactona: para que serve, como tomar e mais

O que é a espironolactona?

A espironolactona é um fármaco com atividade diurética e pertence à classe de medicamentos conhecidos como poupadores de potássio. Também é chamada de "pílula de água". Este medicamento impede que o organismo absorva muito sal e que os níveis de potássio fiquem muito baixos.

Para que serve a espironolactona?

A espironolactona é usada para tratar insuficiência cardíaca, pressão alta (hipertensão) ou hipocalemia (baixos níveis de potássio no sangue).

Também é indicada para tratar a retenção de líquidos (edemas) em pessoas com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática ou uma doença renal chamada síndrome nefrótica.

Além disso, o fármaco pode ser receitado para tratar alguns casos de acne ou prevenir a queda de cabelo e seborreia (caspa). No entanto, essas indicações não estão na bula do medicamento.

Como tomar a espironolactona?

A espironolactona deve ser tomada por via oral, com auxílio de um copo de água, sem partir, pulverizar ou mastigar os comprimidos.

As posologias variam de acordo com a indicação do medicamento. Quando utilizada para o tratamento de hipertensão e insuficiência cardíaca, as doses costumam variar de 50 mg/dia a 200 mg/dia, com administração em dose única ou fracionada ao longo do dia.

Em casos de hipertensão maligna, ou seja, uma complicação mais grave da doença, e cirrose hepática, a dose varia de 100 a 400 mg/dia.

No que se refere ao uso da espironolactona em função de suas propriedades antiandrogênicas (para acne e queda capilar), as doses variam de 25 mg a 200 mg/dia, tomados em uma dose única ou fracionada ao longo do dia.

Como a espironolactona funciona?

A espironolactona inibe a ação da aldosterona, um hormônio que controla o sódio e o potássio no organismo. Atua dentro do núcleo das células, modulando a expressão de genes relacionados à excreção de sódio e a reabsorção de potássio pelos rins.

À medida que o sódio deixa o corpo, a água também é eliminada. Por conta disso, a espironolactona remove o excesso de líquido do organismo e também reduz a pressão arterial.

Quais os efeitos colaterais da espironolactona?

Há diversos efeitos colaterais relacionados ao uso da espironolactona. Entre eles, estão:

  • Hipercalemia;
  • Redução da capacidade urinária;
  • Náuseas e vômitos;
  • Espasmos musculares;
  • Aumento do tamanho das mamas em homens e dor;
  • Distúrbios psiquiátricos (confusão mental);
  • Alteração da libido;
  • Distúrbios gastrointestinais;
  • Alteração da função hepática.

Conheça as contraindicações

O fármaco não deve ser usado por quem tem alergia a algum componente da fórmula. Também não é indicado para pessoas que tenham problemas renais graves como insuficiência, dificuldade para urinar, níveis altos de potássio no sangue e doença de Addison (funcionamento inadequado das glândulas adrenais).

A espironolactona não deve ser usada por grávidas e mulheres que estejam amamentando.

Benefícios e desvantagens de uso

Entre as vantagens de uso da espironolactona, estão:

  • Aumento da sobrevida e redução da necessidade de hospitalização em pessoas com insuficiência cardíaca grave;
  • Melhora da pressão alta (hipertensão) em conjunto com outros medicamentos;
  • É usado no diagnóstico ou tratamento do hiperaldosteronismo primário, ou seja, um distúrbio hormonal caracterizado pela superprodução de aldosterona, que leva à pressão alta;
  • Pode ser usado a longo prazo em algumas pessoas com tumores produtores de aldosterona que não podem realizar cirurgias;
  • Promove a diurese, diminuindo inchaços;
  • Diminui a oleosidade da pele, melhorando a acne;
  • Redução da queda capilar em função da diminuição da ação de hormônios, como a testosterona.

Já entre as desvantagens de uso estão:

  • Ginecomastia, ou seja, aumento dos seios em alguns homens;
  • Provoca baixos níveis de sódio (hiponatremia), de magnésio (hipomagnesemia), de testosterona e altos níveis de potássio (hipercaliemia);
  • Níveis baixos de cálcio e níveis elevados de açúcar no sangue;
  • Náuseas, vômitos, cansaço, alterações na menstruação, libido e sangramento pós-menopausa.

A espironolactona emagrece?

A espironolactona é um medicamento com ação diurética, promovendo aumento na excreção de água do organismo. Por isso, ao eliminar líquidos, diminui o volume corporal de algumas pessoas que têm retenção. Isso costuma dar a sensação de que o indivíduo está perdendo peso.

No entanto, o medicamento não contribui com a perda de gordura, apenas água. Portanto, não é um medicamento indicado para emagrecer.

A espironolactona é usada para melhorar acne e cabelos?

Alguns médicos receitam espironolactona para tratar a acne e diminuir a perda de cabelo. Em função de suas propriedades antiandrogênicas, o fármaco é utilizado para o tratamento da acne e da alopecia, causada por hormônios androgênicos, ao diminuir a sua ação sobre a pele e os cabelos.

O organismo passa a produzir menos sebo, reduzindo assim o aparecimento da acne. Também é indicado para pessoas com alopecia androgenética, condição que provoca queda de cabelos (calvície) tanto em homens quanto mulheres. Essas situações não constam da bula, portanto, elas são chamadas de off label.

Quais são as apresentações disponíveis?

A espironolactona é disponibilizada na forma de comprimidos de administração oral, nas dosagens de 25 mg, 50 mg e 100 mg.

O medicamento consta na Rename 2022 (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais), sendo assim, pode ser retirada nas farmácias do SUS (Sistema Único de Saúde), assim que o indivíduo apresentar a receita médica.

O que acontece se abandonar o tratamento?

Nenhum medicamento deve ser interrompido por conta própria. No caso dos anti-hipertensivos, como a espironolactona, a descontinuação do medicamento provoca uma descompensação da pressão arterial e provoca, em alguns casos, consequências graves. É importante consultar um médico para substituir o fármaco, caso seja necessário.

Crianças e idosos podem usar?

A espironolactona pode ser indicada para crianças que apresentam edemas (inchaços). Nesses casos, a dose deve ser calculada pelo pediatra e precisa ser realizado um acompanhamento regular para verificar a tolerância ao medicamento.

Alguns idosos são menos tolerantes às doses usuais indicadas para adultos. Portanto, é fundamental que o indivíduo receba as orientações de um profissional de saúde sobre a dosagem adequada e seus efeitos colaterais.

Interfere em exames laboratoriais?

O uso da espironolactona pode interferir em alguns exames laboratoriais ao promover o aumento ou a redução de diferentes marcadores, como acontece com ácido úrico e creatinina.

Também costuma interferir com exames de análise de concentração plasmática de digoxina, bilirrubina, benzodiazepínicos, salicilatos, antidepressivos tricíclicos, barbitúricos, anfetaminas e gonadotropina coriônica humana.

Principais interações medicamentosas

O uso associado com outros anti-hipertensivos pode causar hipotensão (pressão arterial baixa). Por isso, recomenda-se ajustar as doses.

Já quando a espironolactona for usada com diuréticos, normalmente promove quadros de desidratação e hipercaliemia (altos níveis de potássio). E o uso concomitante com a aspirina reduz a eficácia diurética da espironolactona.

Fontes

Amouni Mourad, docente dos cursos de farmácia e ciências biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Matheus Murmel Guimarães, farmacêutico e professor do curso de farmácia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e Maria Fernanda Barros, farmacêutica responsável pelo Centro de Informações sobre Medicamento do CRF-BA (Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia).