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Barbatimão funciona para tratar feridas, mas tomar chá pode ser perigoso

Imagem: Eurico Zimbres/Wikimedia Commons

Colaboração para VivaBem

06/05/2022 04h00

O barbatimão é uma planta rica em compostos bioativos como terfenos, flavonoides, alcaloides e principalmente taninos. Em algumas partes do país, a casca da planta é usada para decocções ou infusões, mas a comprovação de seus benefícios são limitadas e a ingestão pode oferecer riscos.

Veja, abaixo, o que se sabe sobre o barbatimão, para que serve a planta e por que seu uso pode ser perigoso.

O que é barbatimão?

O barbatimão, de nome científico Stryphnodendron adstringens, é uma árvore nativa do Brasil, com copa alongada e altura entre quatro e oito metros. Ela possui tronco cascudo e tortuoso e é mais comum nos cerrados do Sudeste e Centro-Oeste. Em sua estrutura há flores, folhas pequenas amareladas e frutos como vagens cilíndricas com muitas sementes de cor parda.

Para que serve o barbatimão?

O barbatimão serve para ajudar no tratamento de feridas e infecções na pele. A espécie foi inserida na lista da Renisus (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde) e recomendada, também, no formulário de fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira como cicatrizante na forma farmacêutica de creme.

As publicações científicas que mostram resultados seguros e contundes estão relacionadas às propriedades biológicas da planta para o tratamento e cicatrização de feridas, devido às propriedades adstringentes e cicatrizantes.

Quais são os benefícios do barbatimão?

Os benefícios do barbatimão estão relacionados às suas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias, antissépticas, adstringentes e cicatrizantes. Por isso, a planta é estudada para o tratamento de diversas doenças, desde doenças geniturinárias femininas (como a infecção urinária) até cânceres.

No entanto, a comprovação científica de qualquer efeito que vá além do cicatrizante e adstringente (de uso externo, em forma de pomada ou sabonete) ocorreu apenas em modelos experimentais. Isso quer dizer que os resultados são limitados a corpos de animais como ratos, bois e vacas, além de insetos e células humanas in vitro.

A dose terapêutica do barbatimão é considerada muito próxima à dose de toxicidade e, por conta dessa linha tênue, a planta é bastante tóxica para diferentes espécies de seres vivos.

Mesmo nos resultados em animais, deduziu-se que o barbatimão seria seguro em curto prazo, porém de segurança duvidosa em longo prazo, conforme mostra uma publicação do Renisus.

Para que serve o chá de barbatimão?

Entre as crenças populares, acredita-se que o chá de barbatimão auxilia na saúde bucal, da pele e na digestão, trata hemorragias, candidíase, úlcera e diarreias. No entanto, como descrito acima, não há estudos robustos que comprovem os benefícios em humanos, assim como não há dose de ingestão do chá considerada segura.

Quais os perigos do barbatimão?

Há relatos das sementes terem propriedades abortivas para o gado e em estudo com roedores. Em estudos sobre toxicidade, em gado, 60 g/kg em dose única ou 10 g/kg em dias consecutivos podem causar morte.

Também existem estudos que mostraram ações tóxicas do extrato da casca do barbatimão, causando danos no sistema nervoso central, sistema respiratório e no trato gastrointestinal de animais.

Como fazer chá de barbatimão?

O chá é feito com a casca da árvore. Não é recomendado que a bebida seja ingerida sem prescrição médica —o que só deve acontecer se a ciência conseguir provar a eficácia e segurança do chá de barbatimão.

Para que serve pomada e sabonete de barbatimão?

Tanto os sabonetes quanto as pomadas (produtos que geralmente têm maior concentração de barbatimão), têm ação antisséptica, cicatrizante e antibacteriana, ajudando no tratamento de feridas ou infecções de pele.

Barbatimão ajuda contra corrimento?

Existem relatos de uso em infecções geniturinárias (como infecção urinária e cistite), que causam corrimento, de forma externa, tomando banho com o chá de barbatimão. Os relatos, no entanto, limitam-se a experiências individuais, sem comprovação científica de que a técnica seja segura ou efetiva.

Fontes

Andrea Pereira, nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e cofundadora e coordenadora da ONG Obesidade Brasil; Tatiana Pizzato Galdino, nutricionista clínica mestre pela PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); e Arthêmis Moreira, nutróloga do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), que faz parte da rede Ebserh.

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