Conteúdo de Marca

Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para Janssen e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em abril de 2022

No mês do Dia Mundial da Luta contra o Câncer, a iniciativa Cada Conquista Vence o Câncer, da Janssen, que promove uma melhor jornada no tratamento da doença, traz uma reflexão sobre os efeitos negativos do uso da narrativa bélica para os pacientes oncológicos

É muito comum que os termos guerra, batalha ou combate sejam associados à jornada de tratamento de câncer. Todas essas palavras costumam surgir com frequência no vocabulário de pacientes, familiares, médicos, equipes e público em geral. Aliás, de acordo com estudos, elas estão sempre entre as 10 mais utilizadas quando se fala da doença.

Cris Ferraz Prade, psicóloga, mestre em musicoterapia

O uso desse discurso belicoso no tratamento oncológico ganhou força há algumas décadas.

"No final dos anos 70, início dos 80, começamos a ter mais opções de tratamentos quimioterápicos. Como alguns deles causavam sintomas nada agradáveis, impulsionou-se um discurso de batalha e de enfrentamento de uma guerra. Foi também uma maneira de se aceitar esses tratamentos", conta Cris Ferraz Prade, psicóloga, mestre em musicoterapia e fundadora da Casa do Cuidar.

O fato de ter se tornado popular não quer dizer, exatamente, que o uso dessas palavras tenha trazido benefícios para a jornada. "Não gosto de dar ao paciente a sensação de que ele vai vencer uma guerra porque ninguém vence uma guerra. Sempre há perdas por todos os lados. A grande vitória é estar bem clinicamente e lidar da melhor maneira com a sua condição crônica e, até mesmo, eventualmente fatal. 'Vencer a batalha' não é a única coisa que importa, mas ter apoio para que se possa viver bem o máximo de tempo possível", afirma Fabio Schutz, oncologista clínico na BP - a Beneficência Portuguesa.

Fabio Schutz, oncologista clínico na Beneficência Portuguesa

Embora esses termos sejam onipresentes no universo oncológico, há estudos que mostram que eles podem, sim, interferir negativamente no tratamento, na prevenção e até no monitoramento do câncer.

Uma pesquisa feita em conjunto pela University of Southern California (EUA) e a Queen´s University (Canadá) concluiu que o uso dessas palavras torna o processo mais difícil. Uma das razões é que elas aumentam as crenças fatalistas sobre a prevenção da doença.

De acordo com os pesquisadores, como as batalhas são sempre difíceis, as metáforas de guerra podem aumentar ainda mais a ideia da dificuldade do tratamento. Isso desmotiva o paciente, por exemplo, a adotar medidas preventivas ou até mesmo torná-lo menos aberto às informações pertinentes à doença. Mais do que isso: elas podem dar a impressão de que não há muita coisa que se possa fazer para evitar um câncer e aumentam significativamente o peso de um eventual diagnóstico.

Verônica Moura, enfermeira de práticas avançadas em Oncologia na Beneficência Portuguesa

E aquele paciente que está em tratamento de um câncer que não tem cura? Como ele pode conviver com a ideia de que já é um perdedor em uma batalha? "De fato, esses são termos que trazem uma conotação ruim e podem fazê-lo se sentir um derrotado. É importa reafirmar que sua vitória será sua sobrevivência e a qualidade de vida alcançada. Cada uma dessas conquistas que ele terá em sua jornada representarão o seu triunfo", avalia Verônica Moura, enfermeira de práticas avançadas em Oncologia na BP - a Beneficência Portuguesa.

Confira 3 razões práticas que mostram porque deve-se evitar essas palavras no contexto oncológico:

  1. Elas aumentam a percepção de dificuldade do tratamento.
  2. Criam uma sensação ampliada de fatalismo sobre a prevenção da doença.
  3. Não têm efeito de aumento na vigilância sob o monitoramento do câncer.

*De acordo com estudo em conjunto da University of Southern California (EUA) e Queen´s University (Canadá)

Palavras desmotivadoras

O uso das metáforas de guerra ainda pode causar um desânimo em relação à prevenção da doença. O estudo da universidade University of Southern California (EUA) e da Queen´s University (Canadá) concluiu que são fortes as evidências de que elas reduzem a vontade do paciente em se engajar em ações preventivas, como as de ter atividades saudáveis ou fazer mudanças no estilo de vida. Esse comportamento surge com a reflexão equivocada de que guerras necessitam de armas poderosas, não apenas de mudanças de comportamento, como comer melhor ou não fumar, por exemplo.

Onde foi que eu errei?

A psicóloga Cris Frade, que também é membro do pacto do Cada Conquista Vence o Câncer, elenca outros fatores que mostram que esse discurso bélico não é benigno: "A narrativa de ganhar a batalha contra o câncer pode se encaixar quando, por exemplo, o paciente fica livre por mais de cinco anos da doença. Mas, se isso não acontece, pode trazer o questionamento de que ele falhou, de que fez algo errado. Há também o sofrimento da família para entender um suposto erro. Por isso, quando a gente encara um tratamento que, em vez da batalha, visa a possibilidade de cura e, sobretudo, a qualidade de vida do paciente e suas conquistas diárias, eliminamos essa culpa pela derrota".

De fato, a metáfora da batalha não é boa. A batalha pressupõe um só momento, mas não é só isso. Trata-se de um projeto de vida e não só um momento de luta

Leandro Karnal, Escritor e historiador, durante o Experiência Janssen: Cada Conquista Vence o Câncer | Informação Vence o Câncer, no TEDxSão Paulo.

Topo