"É assim que chamamos os testes que, em vez de buscarem a resposta do organismo ao vírus, como os de anticorpos, vão atrás de pistas que revelam a presença do próprio", define Marco Aurélio Sáfadi.
Os testes virológicos se dividem em dois tipos, por sua vez. Existem os moleculares e o mais conhecido deles, até hoje considerado padrão-ouro, é o chamado RT-PCR. Nele, um cotonete comprido é introduzido pelo nariz, fazendo escala em uma área de fronteira entre o território nasal e a faringe — ou seja, na nasofaringe. E é dali que colhe uma amostra, a qual precisa viajar mergulhada em um líquido capaz de preservá-la até um laboratório.
Chegando lá, em uma primeira etapa usa-se uma série de reagentes para tirar do que foi coletado toda e qualquer molécula de material genético que estiver por ali. Para complicar, o novo coronavírus tem um RNA que, em outra etapa, precisará ser transcrito em DNA, a única molécula, digamos, que o exame consegue ler.
Esses pedacinhos transformados em DNA devem, então, ser multiplicados em progressão geométrica — um virando dois, dois virando quatro e assim por diante. Sem uma boa quantidade deles, nada feito. Finalmente, são usadas sondas, como os cientistas chamam moléculas que, no caso, se encaixam no DNA criado a partir do vírus e, quando isso acontece, elas emitem luz — o que o equipamento do laboratório consegue captar.
Se por um lado não há como ter dúvida do resultado positivo quando o material coletado fica cheio de pontinhos luminosos, por outro é fácil deduzir que tantas etapas e ainda mais a necessidade de ser feito em laboratório tomam um bocado tempo. "O laudo com a resposta tem demorado cerca de 24 horas, na melhor das hipóteses", nota Amilcar Tanuri. Mas seus colegas na roda de conversa afirmaram que, em algumas regiões do Brasil, a espera chega a ser de três ou quatro dias. Um tempo precioso perdido.
É por isso que todos estão entusiasmados com os excelentes resultados apresentados por uma modalidade mais recente: o teste rápido de antígeno. Em estudos conduzidos pelo professor Tanuri na UFRJ, foi demonstrado que esse exame - que mostra quem tem o vírus em alguns minutos, no local onde a pessoa está - foi capaz de anunciar a doença em mais de 90% das vezes. Precisamente, em uma comparação com o RT-PCR, para cada 100 casos confirmados de covid-19 nesse outro exame, o teste de antígeno flagrou 91.