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Dr. Kalil

Centro de Parada Cardíaca: o primeiro do Brasil chegou a São Paulo

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Imagem: iStock

Colunista do VivaBem

30/11/2020 04h00

Imaginemos a seguinte situação: uma pessoa sofre uma parada cardíaca na rua. Alguém rapidamente liga para o conhecido número 192, do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e inicia a chamada 'massagem cardíaca' ou 'ressuscitação cardiopulmonar (RCP)' --medida essencial para garantir a sobrevivência da vítima.

Com sucesso na ressuscitação, este paciente deverá ser levado rapidamente para um hospital. Mas, e depois? Como deve ser o acompanhamento pós-parada cardíaca?

Desde o dia 21 de outubro, o Brasil ganhou o primeiro centro especializado em ressuscitação cardiopulmonar e atendimento cardiovascular de emergência, que faz parte do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Também é o primeiro da América Latina.

Pesquisas realizadas pela Associação Americana do Coração (American Heart) mostram que pacientes atendidos em instituições onde foram criados centros específicos de parada cardíaca têm maior índice de sobrevivência pós-parada --além de desfechos neurológicos favoráveis. Os números indicam 19% a 38% maiores chances de sobrevivência de adultos, e de 35% para 50%, de crianças.

Os cuidados específicos incluem: modulação terapêutica de temperatura, monitoramento neurológico contínuo, cuidados críticos de suporte gerais (incluindo gerenciamento de ventilador), disponibilidade de cateterismo cardíaco, e suporte cardiovascular mecânico temporário — conforme indicação. Trata-se de um atendimento completo e "orquestrado" com várias áreas. "Há um trabalho coordenado de todo o fluxo de atendimento deste paciente, desde a chegada ao hospital até a alta pós evento cardíaco.

Mas não é só isso. "O acompanhamento ambulatorial depois do ocorrido também segue protocolos internacionais, de países como Alemanha e Estados Unidos, que têm centros deste tipo", explicou Sergio Timerman, cardiologista e diretor da unidade. Falamos de um serviço diferencial, com 100% de foco no evento em questão: a parada cardíaca, suas causas e consequências.

Ainda nesta mesma direção, as áreas de medicina intensiva, cardiologia, neurologia, enfermagem, fisioterapia, psicologia e serviço social trabalham juntas e alinhadas. O InCor oferece suporte consultivo 24 horas por dia e sete dias por semana para as equipes do departamento de emergência e da UTI da instituição. É um grande avanço para o Instituto do Coração —cujo atendimento é 80% via SUS, vale lembrar. Agora, por meio de consultorias e treinamentos de equipes, irá fornecer toda a expertise do Centro para outros hospitais do Brasil.