Topo

Paola Machado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sente dor na região da virilha? Veja causas e como tratar a pubalgia

iStock
Imagem: iStock

Colunista do VivaBem

25/01/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A pubalgia é uma síndrome que afeta os tendões dos músculos do reto abdominal e adutores, além da articulação do púbis.

A condição é caracterizada por dor e desconfortos em torno do osso do púbis, com irradiação para a parte interna da coxa, para a região da virilha e para a parte inferior do abdome, podendo levar à perda funcional e à fraqueza muscular. Como é uma região com grande inervação é comum o paciente relatar "pinçamentos", que geram dores intensas.

Principais sinais e sintomas da pubalgia

  • Dor ao palpar a região;

  • Dor crônica na área do púbis;

  • Piora em movimentos de flexão do tronco;

  • Incômodo que piora em exercícios abdominais

  • Desconforto que piora quando se apoia em um pé só;

  • Dor ao fazer força de adução (fechar coxas).

Normalmente, as dores se iniciam de forma leve e evoluem, interferindo em atividades do dia a dia. Pode acometer atletas de alto rendimento, mas é cada vez mais comum a procura por tratamento em pessoas que se lesionam em práticas esportivas recreativas. No geral, é recorrente em indivíduos que praticam esportes que necessitam de arrancadas, mudanças bruscas de direção, chutes e corridas frequentes, como futebol, basquete, tênis etc.

Quais são os fatores de risco?

Os estudos apontam alta incidência de pubalgia em pessoas com:

  • Pouca amplitude de movimento na região de quadril;

  • Pouca força muscular;

  • Pouco alongamento da musculatura adutora.

Por seu difícil diagnóstico, muitas pessoas continuam no esporte mesmo com dor e apresentam grande risco de rupturas de tendão, devido aos microtraumas repetitivos e à força excessiva de tração.

A causa da pubalgia parece ligada a um desequilíbrio muscular nestas regiões, levando à sobrecarga e inflamação

Tratamento na pubalgia

Diferentemente do que se pode pensar, o tratamento cirúrgico não é superior. Isso é, antes de se submeter a qualquer procedimento que seja invasivo, vale considerar o tratamento conservador e não a operação.

O tratamento na fase inicial consiste em repouso, fisioterapia e tratamento medicamentoso. O controle da dor e a redução do inchaço são feitos durante a primeira fase de reabilitação. Nessa fase, também é imprescindível o repouso e afastamento da atividade física.

Retornar ao esporte antes dessa primeira fase de tratamento pode piorar o quadro. Além disso, para controle da dor e recuperação, podem ser utilizados laserterapia, mobilizações articulares e musculares, manipulações e liberação de pontos gatilhos. Após essa fase aguda da lesão, é importante focar no equilíbrio entre as forças musculares.

O trabalho de fortalecimento da musculatura adutora, flexora, rotadores internos, externos, estabilizadores e musculatura lombo-pélvica é parte de uma recuperação efetiva, além disso, o treino neuromuscular, a reeducação postural e o treino do gesto esportivo são importantes para o retorno ao esporte.

É importante que se respeite os sinais do corpo e, em caso de sintomas, procurar por tratamento adequado. Lembre-se que seu corpo precisa de tempo para se recuperar! Quanto mais crônico for seu caso, possivelmente, mais tempo levará o tratamento.

*Colaboração Dra. Renata Luri, Fisioterapeuta e Doutora pela UNIFESP e Dra. Juliana Satake, Fisioterapeuta pela Unifesp

Referências:

Acesso em 2022 - https://www.sbquadril.org.br/o-que-e-pubalgia/

- Oliveira. A. L. et al. Perfil epidemiológico dos pacientes com diagnóstico de pubalgia do atleta. Rev. brasileira de ortopedia. v.51, n.6, p:692-696, 2016.

- Kajetanek, A et al. Athletic pubalgia: Return to play after targeted surgery. Orthopaedics & Traumatology: Surgery & Research. v.104, n.4, p.469-472, 2018.

- Zoland, M. P. et al. Sports Hernia/Athletic Pubalgia Among Women. Orthopaedic Journal of Sports Medicine, v.6, n.9,2018.

- Harøy J, et al. The Adductor Strengthening Programme prevents groin problems among male football players: a cluster-randomised controlled trial. Br J Sports Med, n.0,p.1-8, 2018.

- King W, et al. Clinical and biomechanical outcomes of rehabilitation targeting intersegmental control in athletic groin pain: prospective cohort of 205 patients. Br J Sports Med, n.0, p.1-9, 2018.

- Serner A, et al. Mechanisms of acute adductor longus injuries in male football players: a systematic visual video analysis. Br J Sports Med, n.0, p.1-8, 2018.

- Kristian et al. Clinical Examination, Diagnostic Imaging, and Testing of Athletes With Groin Pain: An Evidence-Based Approach to Effective Management. Journal of orthopaedic & sports physical therapy, n.4, v.48, 2018.