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Paola Machado

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Massagem modeladora ou drenagem podem ajudar no resultado do treino?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

15/06/2021 04h00

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Na pandemia, muita gente ganhou peso ou viu sua autoestima cair... Dessa forma, cresceu a procura por massagens 'modeladoras' com foco em resultados rápidos. Academias e clínicas de estética focaram nesse público com ofertas de combos e pacotes milagrosos de treino + massagens pós ou pré-treino, com promessas de eliminar os 12 meses cumulativos de sedentarismo e flacidez.

Mas será que pensar em massagem, seja qual for, faz sentido de um ponto de vista estético?

É bastante comum, após uma atividade física mais intensa ou mesmo no retorno após um período parado, que o nosso corpo apresente sinais de cansaço, fadiga muscular e até de déficit de controle e força pós-treino, e isso se deve a um processo inflamatório —de adaptação— nas fibras musculares.

Por isso, as evidências científicas sobre as técnicas de massagem associadas ao treino se pautam muito mais no combate desses "sintomas negativos" do que em benefícios à performance ou meramente de melhora estética.

Já até fiz um texto falando sobre uma técnica bem difundida chamada Recovery —englobando a liberação miofascial— que, justamente foca nesse público que treina e investe no método para se manter treinando frequentemente, com mais qualidade.

Massagem parece tudo igual?

O que há em comum nas massagens: todas as técnicas necessitam do contato com a pele. A pele estimula os receptores e os efeitos atingidos promovem o toque terapêutico como principal objetivo final.

As massagens, se bem aplicadas, auxiliam na redução de edemas, melhoram a circulação sanguínea e promovem adaptações neuromusculares, além de aumentar o bem-estar.

Lembre-se que cada técnica tem objetivos diferentes e há diferentes profissionais aptos para te atender em cada caso.

Efeitos da drenagem linfática associada ao exercício

Durante a atividade física, o fluxo de linfa aumenta, assim como o de proteínas e substâncias inflamatórias.

A drenagem teria como objetivo aumentar a velocidade da linfa a ser transportada pelos vasos e ductos linfáticos, estimulando o sistema linfático, que fica localizado em uma camada bem superficial da pele.

Os estudos mostram diversos benefícios da drenagem linfática quando combinada com exercícios físicos, como redução dos sintomas de fadiga, mas ainda hoje há controvérsias de quais os reais benefícios do método antes ou após o treino.

Importante: pela localização do sistema linfático, os movimentos devem ser rítmicos e leves para que a linfa seja conduzida e absorvida pelos ductos linfáticos, eliminando as toxinas e diminuindo o edema e sensação de cansaço pós-treino.

Vale reforçar que a drenagem deve ter todo o embasamento do fluxo linfático para, de fato, trazer algum tipo de benefício.

Massagem modeladora é a mesma coisa que drenagem linfática?

Muita gente confunde o que é uma drenagem e o que é uma massagem modeladora, mas saiba que as técnicas e objetivos são bem diferentes.

A massagem modeladora promete combate à flacidez, redução de medidas, redução da gordura localizada e a eliminação de resíduos.

Importante: a massagem modeladora faz uso de manobras firmes, rápidas e intensas sobre a pele, utilizando pressão das mãos com o tecido do paciente, que possui acúmulo de gordura corporal.

Essa intensidade possibilita realizar a modelagem corporal, assim como diminuir medidas (perimetria) —lembre-se que perda de medida nem sempre significa que o resultado é permanente ou que houve a perda de espessura da gordura. A gordura só foi modelada, mas continua ali.

Lembrando que, antes de iniciar alguma dessas técnicas, é importante o acompanhamento de um profissional da área da saúde para avaliar o seu caso. As indicações devem ser sempre individualizadas.

Quando realizar cada uma destas técnicas?

Se avaliarmos de um ponto de vista científico, a drenagem linfática realizada após a atividade física traz mais benefícios, uma vez que auxilia na circulação sanguínea, permitindo a clearance (ou depuração) do metabolismo muscular, prevenindo a formação de nódulos e reduzindo o risco de lesões musculares.

Contudo, essa técnica não substitui nem se mostra superior a técnicas que visam reabilitar o músculo e melhorar o rendimento na prática de atividades físicas e esportes, como a massagem esportiva.

Já sobre a massagem modeladora, não há estudos que comprovem a eficácia dos resultados antes ou após o treino. Mas se ainda assim você resolver investir em massagem modeladora pré ou pós-exercício, talvez faça mais sentido fazer antes. Por ser uma técnica mais profunda, ela aumenta a circulação sanguínea e, literalmente, modela o corpo, amassando e modelando o tecido adiposo, deixando os músculos aparentemente mais tonificados.

Mas cuidado: nesses casos a massagem não deve ser dolorida nem causar hematomas. O rompimento de vasos sanguíneos combinado com a prática de atividade física é contraindicado, pois aumenta ainda mais a inflamação. Procure sempre um profissional qualificado.

O método ideal para reduzir as reservas de gordura do organismo é combinar a boa alimentação com exercício. Essa é a melhor combinação para melhorar de forma significativa sua composição corporal com o treinamento físico.

A massagem, isoladamente, não promove redução ponderal. Mesmo para mulheres que sofrem com a celulite, saiba que ela não está relacionada necessariamente com a obesidade, isso é, os depósitos de gordura podem ocorrer até em pessoas magras, principalmente nos quadris e nas coxas, e se relaciona à disfunção do metabolismo dos lipídios.

Essas massagens citadas trazem benefícios, mas lembre-se que são sempre adjuvantes. Os resultados são realmente obtidos com treino e alimentação adequados.

Se for investir e pensar em custo-benefício e investimento de longo prazo, invista em um profissional de educação física, fisioterapeuta e nutricionista para te acompanhar. E agregue essas duas técnicas para complementar esse seu estilo de vida mais ativo e para se sentir bem.

*Colaboração Juliana Satake, fisioterapeuta especializada em saúde da mulher pela Unicamp

Referências:

  • Dupuy, O., Douzi, W., Theurot, D., Bosquet, L., &Dugué, B. (2018). AnEvidence-Based Approach for Choosing Post-exercise Recovery Techniques to Reduce Markers of Muscle Damage, Soreness, Fatigue, and Inflammation: A Systematic Review With Meta-Analysis. Frontiers in physiology, 9, 403. doi:10.3389/fphys.2018.00403