Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Feridas que surgem durante a amamentação podem ser tratadas com laser
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Antes de iniciar o tema abordando tratamento é importante entender que existem diferentes características e tipos de laser na área de saúde.
Hoje falarei sobre o laser terapêutico, que possui comprimento de onda distinto usado por profissionais como fisioterapeutas, enfermeiros e dentistas. Ao contrário do laser médico-cirúrgico, ele não é invasivo. O tratamento com uso de laser de baixa intensidade e potência é considerado seguro e eficaz no tratamento de diversas lesões, inclusive no período pós-parto, quando aplicado por um profissional de saúde.
Quando se fala em aleitamento, parto e temas relacionados à maternidade e gestação, vale lembrar que o papel da ciência e dos profissionais da saúde é sempre o de proporcionar informações e orientações sobre o custo-benefício de escolhas, mas que a decisão final sempre caberá à mãe e à família.
No início do aleitamento materno, estudos mostram que cerca de 96% das mulheres experimentam algum grau de dor na primeira semana que varia de uma discreta dor a um moderado desconforto no início das mamadas.
Mas você sabia que mesmo após 8 semanas, mais da metade continua com dores?
Estudos apontam que 58% das mulheres amamentando relatam lesões nos mamilos, fissuras, sangramentos, mamilos rachados, etc.
Por conta dessas dificuldades, uma parcela acaba optando pelo desmame e se frustra. Ainda um mito comumente difundido e absolutamente fake quando se tem lesão na aréola e mamilo, é acreditar que limitar a duração das mamadas do bebê irá prevenir ou tratar de forma eficaz a lesão mamilar.
O problema da lesão mamilar e a dificuldade de cicatrização
A cicatrização se torna difícil por conta da própria amamentação contínua e sucção do bebê. Quando há lesão na área, há a propensão às infecções, obstrução de ductos e até surgimento da mastite.
Por isso, é importante intervir de forma precoce para aliviar a dor e promover a cicatrização dessas lesões de forma mais rápida e eficiente possível e, assim, evitar complicações maiores.
Um tratamento que tem se destacado na área médica para a melhora de mamilos dolorosos é a terapia com laser de baixa intensidade ou potência.
Segundo Renata Luri, doutora em laserterapia pela Unifesp, "o laser é eficaz no alívio de dores, modulando a inflamação, acelerando o metabolismo celular e consequentemente a cicatrização de feridas. Além de ser um tratamento indolor, rápido, não invasivo e seguro. O ideal no uso do laser é que a paciente procure o tratamento o quanto antes para uma melhor interação e especificidade do comprimento de onda laser utilizado com o tecido lesionado."
Os benefícios do laser já eram amplamente conhecidos e utilizados na fisioterapia esportiva, ortopédica e reumatológica. O que se sabe é que o laser atua a nível mitocondrial, sendo absorvido pelos cromóforos e estimulando uma cascata de reações que irão levar aos conhecidos benefícios.
Os próprios médicos obstetras, pediatras e ginecologistas têm feito o encaminhamento para tratamento com a fisioterapia às puérperas. Nessa área, trabalha-se na cicatrização de mamas durante a amamentação ou da episiotomia, na melhora de edema do períneo e alívio de dores de regiões envolvidas no pós-parto.
O laser é um tratamento bastante eficaz e que apresenta resultados imediatos como a melhora da dor referida pela paciente, além disso, em poucas sessões há a melhora de sintomas sendo que o laser pode ser usado até a remissão de lesões.
Por mais que você acredite que qualquer pessoa que não seja da área está apta a aplicar o laser, é importante ressaltar que há parâmetros diferentes a serem considerados bem como contraindicações. O protocolo, tempo de tratamento e a frequência dependerá de cada caso.
O ponto mais importante a ser destacado sobre esse tratamento na lesão de "bico de peito" na amamentação é que tanto a gestante quanto a puérpera tenham conhecimento prévio de que essa é uma dificuldade comum e que há tratamento, além de diversas medidas e orientações que podem ser usadas para auxiliar.
Conte sempre com sua equipe médica e de profissionais especialistas na área de obstetrícia.
*Colaboração de Angela May, fisioterapeuta especializada em obstetrícia e em antroposofia pela Unifesp e Juliana Satake, fisioterapeuta especializada em obstetrícia pela Unicamp e sócia da Clínica La Posture
Referências:
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