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Paola Machado

Sente dores durante a relação sexual? Veja 3 dicas para melhorar sua vida

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

25/01/2021 04h00

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Sentir dores durante a relação sexual é normal? Apesar de ser uma queixa muito comum entre as mulheres, temas envolvendo a sexualidade feminina ainda são considerados tabus. E por isso muitas ainda têm dúvidas sobre o que é mito e o que é realmente verdade em relação ao próprio corpo.

Mas saiba que sentir dores não é normal. O corpo da mulher, através dos estímulos necessários, reage e se modifica para que a prática sexual seja prazerosa e nunca dolorosa.

Entenda o que influencia a resposta sexual feminina

A resposta sexual é dividida em 4 fases sendo influenciada por aspectos sociais, físicos, emocionais, ou seja, tem a ver com N fatores como: o momento, o local, o parceiro, o estado físico e até o psicológico da mulher.

Fase 1. Desejo. Estímulos como pensamento, fantasia e tato.

Fase 2. Excitação. Resposta do corpo da mulher aos estímulos. Nesta fase ocorre a ereção dos mamilos, aumento do fluxo sanguíneo, espasmos involuntários, aumento da frequência cardíaca, lubrificação e dilatação da vagina.

Fase 3. Orgasmo. Ápice do nível de tensão sexual, pode ou não ocorrer.

Fase 4. Resolução. Retorno do corpo ao estado físico e emocional

Diferente dos homens, as mulheres precisam de mais tempo para entrar nas fases 1 e 2, isso é, as fases de desejo e excitação. Nesse momento, a dica mais valiosa é: não faça se não estiver a fim! Sexo é uma troca e não uma obrigação.

Preliminares: São elas que irão desencadear as respostas necessárias e a facilidade de penetração sexual. Aposte nas preliminares! Os estudos mostram que a cada 15 minutos de estimulação sexual, lubrificamos 0,7 ml. Quanto maior o fluxo de sangue na região, maior a lubrificação, maior a sensibilidade e mais prazeroso será a relação sexual.

Mas, se mesmo após todos os estímulos preliminares não der certo, não continue! O seu corpo ficará tenso e consequentemente os músculos da vagina também ficarão, gerando contração, dor e insatisfação, não só para você, mas também para o seu parceiro. Respeite o seu momento.

Qualquer alteração durante essas respostas pode determinar a ocorrência de dor ou desconfortos, chamadas de disfunções sexuais. A OMS reconhece as disfunções sexuais como um problema de saúde pública e que devem ser investigadas por profissionais da área da saúde.

Existem dois tipos de dores:

Dispareunia. Dor no fundo do útero ou em algum ponto sensível após a penetração. Fatores como endometriose, mioma uterino, cistite e infecções influenciam.

Vaginismo. Contração involuntária da musculatura que impede a relação sexual. Assim como qualquer outro músculo que contrai em situações de estresse e medo, a vagina se contrai de forma involuntária, como forma de proteção, o medo pode ser decorrente de algum processo cirúrgico, trauma sexual, dor pré-menstrual ou por rigidez da musculatura perineal. O vaginismo pode criar uma barreira e impede até os exames ginecológicos de rotina e a introdução de absorvente interno.

Para melhorar a vida sexual

Autoconhecimento. Conheça mais sobre o seu corpo, do que você gosta e o que te traz prazer. A prática de atividade física regularmente tem influência positiva na disposição, autoestima, melhora do bem-estar e da qualidade de vida, principalmente quando realizada com prazer e satisfação. Estudos têm demonstrado a eficácia de aumentar a conscientização dos músculos do assoalho pélvico e fortalecê-los para alterar positivamente a qualidade de vida sexual feminina, a autoimagem, a receptividade e o desempenho sexual.

Autoconfiança, sem julgamentos. É importante entender que a autoestima e autoconfiança dependem de diversos fatores, como história de vida, ambiente, como a pessoa lida com sua aparência e consigo, etc. Escolha um local adequado para que você não se incomode com estímulo externos durante o sexo, gerando ansiedade e estresse.

Além da percepção física, observe como é a aceitação da sua sexualidade, relaxe durante as preliminares sem julgamentos sociais e culturais, isso influencia totalmente na sua capacidade de entrega. Entenda que a sexualidade faz parte do corpo feminino, é parte integrante de seus direitos sexuais e da sua qualidade de vida, importante não só para a reprodução, mas também para a longevidade de suas relações afetivas e prazerosas, além de fazer parte de sua saúde e bem-estar.

Converse com o seu parceiro. Pesquisas mostram que uma boa comunicação e relacionamento com o parceiro são essenciais. A comunicação e a compreensão mútua permitem orientar as suas preferências ao companheiro, melhorar a conexão e obter maior prazer na relação.

E, claro, caso tenha dores na relação, não hesite em procurar ajuda e nunca deixe que isso impeça que você tenha um bom relacionamento com o seu corpo.

Busque o tratamento adequado através de profissionais especialistas que possam te dar o suporte e a orientação necessária. Em casos de vaginismo, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com médicos, psicólogos e fisioterapeutas.

*Colaboração Dra. Renata Luri, fisioterapeuta doutorada da Clínica La Posture e Juliana Satake, fisioterapeuta especializada pelo Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) - Unicamp

Referências:

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  • Haddadi S, Mirkohi MG, Akbari-Kamrani M. The relationship between self-efficacy and sexual function in patients with type II diabetes. Bali Med J. 2016;5(3):11-6

  • Piassarolli VP, Hardy E, Andrade NF, Ferreira NO, Osis MJD. Treinamento dos músculos do assoalho pélvico nas disfunções sexuais femininas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2010;32(5): 234-40.

  • Satake, J.T et al.Self-reported assessment of female sexual function among Brazilian undergraduate healthcare students: a cross-sectional study (survey) . Sao Paulo Med. J. vol.136 no.4 São Paulo July/Aug. 2018 Epub Aug 13, 2018

  • Tomen, Amanda; Fracaro, Giovanna; Nunes, Erica Feio Carneiro; Latorre, Gustavo Fernando Sutter. A fisioterapia pélvica no tratamento de mulheres portadoras de vaginismo / The pelvic-floor physical therapy for the treatment of woman suffering from vaginismus. Rev. ciênc. méd., (Campinas) ; 24(3): 121-130, 2015