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Saúde

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OPINIÃO

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Câncer de bexiga, tabagismo e novos tratamentos para a doença

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

21/11/2022 04h00

O câncer de bexiga é o sétimo tipo de tumor mais incidente entre os homens brasileiros. Já entre as mulheres, não está nem entre os dez mais comuns. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), neste ano o Brasil deve registrar 10.640 novos casos da doença, 70% destes em pacientes do gênero masculino.

O desenvolvimento dos tumores de bexiga pode estar ligado a alguns hábitos pouco saudáveis, situações ou características genéticas dos pacientes, que se apresentam como uma predisposição para o diagnóstico.

O principal fator de risco para a doença é o tabagismo. Mas também estão na lista, em menor escala, a baixa ingestão de líquidos, exposição prévia à radioterapia, exposição a determinadas substâncias, como a ciclofosfamida e a anilina, e fatores hereditários.

O impacto do consumo de tabaco é tão grande que podemos dizer que, de cada dez casos de câncer de bexiga, pelo menos sete ou oito têm relação direta com cigarro.

Isso ocorre porque quando se inala a fumaça, centenas de componentes cancerígenos entram no organismo. A fumaça tóxica vai deixando um rastro de mal em toda mucosa desde a boca, passando pela traqueia, pelos bronquíolos, até o pulmão. Por isso, como sabemos, há uma alta ligação entre o tabagismo e o câncer nestas regiões do corpo.

Essas substâncias também passam pelo trato digestivo, irritando os órgãos, aumentando a incidência de câncer de esôfago, do estômago, da região do pâncreas e de intestino. Além disso, os componentes tóxicos caem na circulação sanguínea. Eles são filtrados pelo rim e eliminados pela urina.

A bexiga nada mais é do que um reservatório que acumula a urina filtrada pelo rim. Se esta urina, armazenada durante algumas horas, tiver uma grande quantidade de carcinógenos, vai certamente irritar a mucosa da bexiga, contribuindo para o desenvolvimento do câncer.

A doença, como já destaquei acima, pode acometer pacientes não fumantes, mas ainda é exceção. A grande maioria dos casos é de pessoas com histórico importante de tabagismo. Por isso, parar de fumar é a principal forma de prevenção.

Os tratamentos avançaram muito nos últimos anos, para quem eventualmente receba o diagnóstico. Hoje existem novas formas de terapias realizadas dentro da própria bexiga, chamados intravesicais, com drogas imunoterápicas (que incluem BCG), quimioterapia e medicamentos de última geração que, baseados em novos estudos, mostram uma atividade muito importante para evitar que a doença volte ou se infiltre na camada muscular.

Para pacientes com a doença envolvendo a camada muscular, em que o tratamento padrão costuma ser a retirada da bexiga, novos protocolos com químio e radioterapia conseguem preservar o órgão com resultados muito interessantes.

Na doença avançada, temos estratégias que aliam quimioterapia e imunoterapia preventiva, para que a metástase não aconteça. Quando o tumor já atingiu outros órgãos, há novos tratamentos imunoterápicos e também os anticorpos conjugados à droga, que funcionam como um mecanismo "cavalo de Troia", ligando-se a receptores específicos do câncer de bexiga, liberando substâncias tóxicas somente nas células tumorais.

O câncer de bexiga costuma a ser silencioso e, na sua progressão, podem surgir alguns sintomas como a presença de sangue na urina e sinais como sensação de ardor, urgência e vontade incontrolável de urinar. Se algo diferente aparecer, converse com um especialista. E mantenha suas visitas ao médico em dia. Muitos casos são descobertos casualmente, em exames de rotina, mas são achados que podem salvar vidas.