Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dia de Combate ao Fumo: prevenção ao tabagismo e aos riscos dos 'vapers'
Nesta segunda (29), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo e gostaria de reforçar um tema que já foi muito falado, mas não pode ser nunca negligenciado: o cigarro continua a ser um dos principais fatores de risco para o câncer.
E não apenas para câncer de pulmão, um dos mais incidentes e mais letais no Brasil e no mundo. Há também os tumores da cavidade oral, esôfago, faringe, laringe, traqueia, estômago, rins. Para câncer de bexiga, por exemplo, o tabagismo é um importante fator de risco. Isso porque a fumaça tóxica do cigarro, assim que é inalada, começa a traçar um rastro de destruição no nosso organismo.
São mais de 4 mil componentes tóxicos que já iniciam uma ação prejudicial diretamente nas vias respiratórias e seguem pelo trato digestivo, são absorvidos pelo sangue e filtrados pelos rins. No momento de serem excretados pela urina, podem se acumular na bexiga, irritando a mucosa deste órgão. Muitas delas são substâncias cancerígenas e perigosas para a saúde.
Os homens ainda são as principais vítimas deste tipo de câncer, porque, em números absolutos, ainda fumam mais que as mulheres.
Segundo o Ministério da Saúde, o fumo é responsável por 162 mil mortes por ano no País, tabagistas e fumantes passivos. Não falamos apenas dos diversos tipos de câncer, mas de doenças cardiovasculares, respiratórias, do aparelho digestivo, impotência sexual no homem, infertilidade na mulher.
E um dos grandes desafios ainda é evitar a iniciação ao tabagismo.
O Inca (Instituto Nacional de Câncer) tem alertado que o perigo do tabagismo também é significativamente maior entre usuários de cigarro eletrônico. No estudo "Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática e meta-análises países que liberaram a comercialização de cigarros eletrônicos", pesquisadores brasileiros viram um aumento significativo da dependência de nicotina entre crianças e adolescentes e apontaram que a liberação desses dispositivos (também chamados de vapers) poderia ameaçar as conquistas das políticas antitabagistas no Brasil.
A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além disso, alguns estudos já sugerem que a utilização destes dispositivos também é prejudicial à saúde e pode causar câncer.
Esses trabalhos mostraram que a composição dos líquidos dos cigarros eletrônicos pode conter elementos carcinógenos conhecidos, incluindo metais, nitrosaminas, formaldeídos, que contribuem para aumentar o risco de câncer de bexiga.
Então, não existe nível seguro para consumo do fumo e de seus derivados. O Brasil gasta, anualmente, R$ 21 bilhões em tratamento de doenças.
Fernando Maluf é diretor associado do Centro Oncológico da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é livre-docente.
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