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OPINIÃO

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Estudo demonstra efeito do estresse psicológico no tratamento de câncer

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

25/07/2022 04h00

As novidades que as pesquisas científicas nos trazem permitem aprimorar os tratamentos de vários tipos de tumores, não só com resultados clínicos mais eficientes, mas com menos efeitos colaterais e impactos negativos sobre o dia a dia do paciente.

Em junho, durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, pesquisadores chineses apresentaram um estudo que buscou traçar uma correlação entre o estresse psicológico, a qualidade de vida e a eficácia dos tratamentos com imunoterapia no câncer de pulmão, seja localmente avançado ou metastático.

A premissa básica para realizar a análise é que teoricamente o estresse psicológico, seja por depressão ou ansiedade, ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e também o sistema nervoso simpático. Essa ativação, além de aumentar a produção de hormônios de estresse, tem propriedade imunossupressora, ou seja, diminui a atividade do sistema imunológico.

Este estudo avaliou 77 pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células avançado, através de um questionário sobre depressão e ansiedade, comparando os pacientes que tinham esses estados presentes versus os que não tinham. O objetivo era analisar alguma correlação em termos de prognóstico.

O resultado apontou que o estresse psicológico, seja por ansiedade, depressão ou ambos, claramente se relacionou a uma piora da qualidade de vida. Além disso, a taxa de resposta do tratamento foi menor —de 35% para quem tinha um estresse psicológico contra 63% para quem não tinha; a sobrevida livre de progressão também foi menor neste grupo com estresse psicológico.

Na análise da sobrevida livre de progressão, os pacientes com estresse —depressão ou ansiedade— tinham 2,7 vezes maior risco de uma evolução pior do que quem não tinha diagnóstico de alterações psicológicas. Nestes pacientes com estresse psicológico os níveis de cortisol estavam elevados em comparação com os que não tinham esse estado.

Com esses resultados o estudo dá um indicativo importante: por meio dos níveis de cortisol aumentados e também nos níveis de epinefrina, de que pacientes que tenham ansiedade ou depressão, além de contar com uma pior qualidade de vida, podem ter piora do prognóstico em tratamento imunoterápicos, por efeito imunossupressor.

Este fato denota a relevância de tratar esses sintomas desde o início do tratamento, reforçando a importância da avaliação e do trabalho da equipe multidisciplinar no manejo dos sintomas, não apenas para que garanta qualidade de vida, mas também para uma melhor evolução desses pacientes.