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OPINIÃO

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Estudos comprovam benefícios do rastreamento do câncer de pulmão

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Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

28/06/2022 04h00

Desde 2013, o guideline americano recomenda a tomografia computadorizada sem contraste, exame que é realizado em poucos segundos, para população fumante, como forma de rastreamento para câncer de pulmão. A ideia do screening é diagnosticar a doença precoce, pois isso representa uma maior chance de cura.

Porém, ainda existiam dúvidas do real impacto da recomendação sobre uma possível redução de tumores avançados de pulmão. Este foi um dos temas apresentados no encontro anual da ASCO (American Society of Clinical Oncology), no início de junho, em Chicago, nos Estados Unidos.

O câncer de pulmão é um dos tumores mais incidentes no mundo e um dos mais fatais. O tabagismo é o principal fator de risco da doença e, por isso, a população fumante recebe a indicação para ser acompanhada de perto.

O estudo apresentado avaliou 18 bancos de dados de mais de 400 mil adultos com idades entre 55 e 80 anos e comparou dois períodos: de 2004 e 2014, ou seja, antes da recomendação da tomografia de screening, e o ciclo de 2015 a 2018 (pós-recomendação). Desses pacientes, 55% eram mulheres e 76% eram caucasianos não-hispânicos.

Os pesquisadores observaram que nos anos 2015 a 2018, comparado ao período anterior, houve um declínio de 41% na chance de um câncer avançado de pulmão na população como um todo. Entre as mulheres, a queda foi maior: a redução do risco de doença avançada foi de 53%; nos homens, de 30%.

Os resultados mostraram, portanto, o grande potencial de evitar uma doença avançada de pulmão com a adoção do rastreamento adequado para pacientes tabagistas de longa data, com o uso da tomografia computadorizada.

Diagnóstico precoce

Outro estudo apresentado por cientistas americanos avaliou a mudança da tendência do diagnóstico precoce do câncer de pulmão.

Os pesquisadores analisaram dados 1,447 milhão de pacientes, de 1.384 hospitais, entre 2010 e 2017.

Na comparação entre os dois períodos, a chance de encontrar a doença no estágio mais precoce aumentou de 23,5% para 29,1%. Já a possibilidade de diagnosticar o tumor no estadio 4, que é metastático, caiu de 45,5% para 43,1%.

Os resultados mostram, claramente, que o melhor cuidado, mas também o melhor rastreamento e diagnóstico da doença - como a tomografia consagrada como método importante de secreening - são fundamentais para os melhores desfechos, especialmente em doenças potencialmente graves, como o câncer de pulmão.

Fernando Maluf é diretor associado do Centro Oncológico da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é livre-docente.