Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Câncer de próstata: novos tratamentos têm cuidado centrado no paciente

iStock
Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem

13/12/2021 04h00

O câncer de próstata representa o tumor mais comum nos homens, afetando um em cada seis homens durante a vida. No mundo são mais de dois milhões de casos por ano gerando um impacto na saúde, emocional e econômico muito importante.

Felizmente, de todos os tumores, este é um dos quais os avanços mais substanciais foram atingidos. De cada 10 pacientes com doença localizada, três têm doença indolente, no qual nenhum tratamento imediato precisa ser realizado, estratégia esta que chamamos de observação vigilante.

Com avanços na área de patologia, imagem e biologia molecular conseguimos com segurança somente acompanhar este grupo de pacientes, cujo tratamento ativo pode ser postergado por mais de 5 a 15 anos ou até mesmo evitado durante a vida.

Por outro lado, 7 em cada 10 pacientes precisam de tratamento que pode ser cirúrgico ou radioterápico. A cirurgia também evoluiu muito com a técnica da robótica, procedimento menos invasivo que leva a recuperação do paciente mais rápida e que talvez, de acordo com estudos ainda em andamento, podem ser associados a menores taxas de impotência sexual e incontinência urinária.

Do mesmo modo, as técnicas de radioterapia melhoraram muito, permitindo atacar o alvo com doses muito maiores e ao mesmo tempo poupar os tecidos vizinhos de toxicidade e efeitos colaterais. Dentre as novidades no tratamento da doença localizada temos uma nova técnica que através do ultrassom focado de alta intensidade destrói as células malignas do câncer através do aquecimento e que pode ser indicado em casos selecionados.

No entanto, em alguns casos a doença pode voltar após o tratamento local ou até mesmo apresentar-se com metástases ao diagnóstico. No passado, essa situação era associada com pouco tempo de vida, mas como na doença localizada, avanços sólidos foram alcançados permitindo que a doença seja controlada por muitos anos como também evitando as complicações ósseas desta doença.

Mais uma vez, os pesquisadores mostraram os avanços em estudos de novas drogas mais inteligentes para o combate e controle do câncer, o sucesso na combinação de terapias em diversos casos e o progresso nas análises dos perfis genéticos de pacientes e do próprio tumor para tratamentos mais eficientes.

Destaco dentre os grandes avanços, os radiofármacos como o Lutécio PSMA e as drogas alvo-dirigidas. O Lutécio PSMA atua diretamente no PSMA, proteína de membrana específica da célula tumoral prostática, que se liga ao lutécio, uma droga radioativa.

A radiação, quando injetada no corpo do paciente num intervalo médio de quatro a seis semanas, penetra especificamente no tumor introduzindo uma dose letal de radioterapia. Um estudo comparativo incluindo 831 pacientes com câncer de próstata avançado comparou esta nova estratégia com os tratamentos convencionais como quimioterapia e hormonioterapia e demonstrou que o Lutécio PSMA diminuiu o risco de progressão da doença ou morte em 60%, aumentou a taxa de resposta em 13 vezes e postergou complicações pelo câncer.

O medicamento já está aprovado para uso no Brasil, ainda não é coberto pelos planos de saúde, mas é uma opção relevante para pacientes com câncer de próstata resistente à castração que são refratários a múltiplos tratamentos.

Os medicamentos alvo-dirigidos agem em pacientes cujos tumores exibem alterações específicas que são importantes para o desenvolvimento do tumor e, portanto, se silenciadas podem reverter este processo. Em torno de 20% dos pacientes com doença avançada apresentam alterações nos genes que reparam o DNA do tumor.

Uma nova droga chamada olaparibe, que tem como função inibir que o tumor conserte seu DNA, quando atacado, levando a morte das células malignas. Um estudo incluindo 245 pacientes com câncer de próstata avançado que haviam falhado a várias medicações comparou olaparibe contra hormonioterapia e demonstrou que este novo agente oral diminuiu o risco de progressão da doença ou morte em 66%, além de aumentar a taxa de resposta em 15 vezes e postergar complicações ósseas pelo câncer.

O medicamento já está aprovado para uso no Brasil pela Anvisa, porém ainda não é coberto pelo rol da ANS (Agência Nacional de Saúde).

Além dessas novas estratégias, novos agentes hormonioterápicos, quimioterápicos e até imunoterápicos foram desenvolvidos para uso de rotina, permitindo que pacientes com doença avançada tenham uma vida mais longa e com qualidade de vida. Essa nova realidade era algo impensável 10 anos atrás.

A despeito destes grandes avanços, reforço a importância do esforço pela prevenção de novos casos de câncer, com o foco em hábitos mais saudáveis e no diagnóstico precoce da doença, com a realização dos exames periódicos anuais de PSA e toque retal a partir dos 50 anos. Afinal, é melhor evitar do que tratar.