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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Câncer de rim: tratamento do tumor foi um dos que mais avançou na década

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Imagem: iStock

21/06/2021 04h00

Os rins são responsáveis por funções vitais para o organismo. Principais "filtros" do nosso corpo, mantêm no sangue as substâncias necessárias para o funcionamento dos órgãos e excretam, pela urina, o excesso de água, sódio, potássio e, principalmente, as toxinas que podem prejudicá-los.

Apesar desta evidente importância para a vida, uma pesquisa online lançada recentemente, realizada com duas mil pessoas em cinco capitais do país, mostrou que um a cada cinco brasileiros não pensa sobre a saúde dos rins e 44% não sabem se o câncer de rim não apresenta sintomas nas fases iniciais da doença.

O câncer renal é o terceiro tumor urológico mais comum, ficando atrás apenas do câncer de próstata e câncer de bexiga. São cerca de sete mil casos novos da doença por ano no Brasil, onde dados sobre sua incidência são escassos. No mundo, são 400 mil registros, com 130 mil mortes anuais.

Não há ainda uma linha de conduta para um exame preventivo, como já existe para câncer de próstata, de colo de útero, de mama ou de cólon e reto. Por isso, muitas vezes os tumores renais são descobertos de forma "incidental". É um incidente positivo, que pode garantir um melhor prognóstico para o paciente.

Além de dar poucos sinais, o câncer renal é uma doença muito heterogênea. Poucos tumores malignos têm velocidade de crescimento tão variável quanto os de rim. Há pacientes em que a doença evolui de forma lenta durante anos, enquanto outros apresentam crescimento rápido e disseminação em poucos meses. O tipo mais comum é o de células claras, que corresponde a cerca de 80% dos casos. Os outros 20% são o carcinoma papilífero, o carcinoma cromófobo, o tumor sarcomatoide e o carcinoma do ducto de Bellini.

O câncer de rim é mais incidente entre homens. Esta doença, diferentemente de outros tumores, quase nunca tem relação hereditária. A maioria dos casos está ligada a fatores ambientais, como o tabagismo, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial e dieta pouco saudável. Mesmo sendo mais comum na faixa etária a partir dos 55 anos, jovens podem receber o diagnóstico. Quando isso acontece, é mais comum haver uma relação de hereditariedade.

Apesar das dificuldades para o diagnóstico precoce, a boa notícia é que, de todos os tumores, este foi um dos que mais tiveram tratamentos inovadores nas últimas décadas. Os avanços nas cirurgias permitem a manutenção da parte saudável do rim (nefrectomia parcial), conseguindo evitar complicações pós-operatórias e mantendo a mesma taxa de cura. Os tratamentos minimamente invasivos também têm sido bastante exitosos, com técnicas como superaquecimento (radiofrequência) ou superresfriamento (crioblação) do tumor.

Já falamos aqui sobre um trabalho importante apresentado no último encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, com uma estratégia medicamentosa que auxilia na prevenção da recidiva da doença, com imunoterapia, reduzindo o risco de retorno da doença em 32%. Novos protocolos imunoterápicos, combinados ou não com antiangiogênicos (bloqueadores do fator de crescimento vascular do tumor), também dão uma nova esperança a pacientes com câncer renal metastático, inclusive com um percentual de cura.

Com os avanços da medicina, no caminho de terapias cada vez mais personalizadas, além da atenção à doença, o foco na saúde integral do paciente ganha espaço. Dados globais do IKCC (International Kidney Cancer Coalition) revelaram que 96% das pessoas que passaram pelo tratamento do câncer de rim tiveram problemas psicossociais, mas menos da metade comentou sobre seus sentimentos com a família, amigos próximos ou profissionais de saúde.

Por isso, o tema do Dia Mundial do Câncer de Rim de 2021, celebrado neste mês de junho, foi "Precisamos falar sobre como estamos nos sentindo". As conversas, a exposição de medos e esperanças e o acolhimento podem gerar mudanças no estilo de vida e transformar a jornada do paciente com o câncer renal. Por isso, precisamos falar sobre câncer de rim, sempre.