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Alexandre da Silva

Você está funcionando bem? Entenda capacidade funcional e envelhecimento

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Imagem: iStock
Alexandre da Silva

Colunista de VivaBem

18/01/2021 04h00

Quando pensamos em longevidade, o plano e a vontade de todos e todas nós é chegarmos aos 60, 70, 80 e até 90 anos da melhor forma possível.

Na gerontologia (área que estuda o envelhecimento), a pessoa idosa estará bem e considerada saudável quando realiza tudo o que quer, na hora e forma que deseja.

Autonomia e independência física são dois pré-requisitos para que a pessoa idosa seja capaz de realizar todas as tarefas do seu cotidiano, ainda que enfrentando algumas doenças, mudanças fisiológicas e condições ambientais e socioeconômicas desfavoráveis para a realização dessas atividades de vida diária (AVD).

Temos situação de doenças que afetam mais a autonomia, como as demências, e outras que afetam mais a independência física, como o AVC ou uma artrose de joelho. Há também outras condições que afetam autonomia e independência física simultaneamente, como a doença de Parkinson. E o que é mais comum ainda: uma pessoa idosa ter mais de uma doença ou sequela que afeta autonomia e independência com as mais variadas intensidades.

Em geral, boa parte da população idosa tem poucas dificuldades para a realização dessas atividades de vida diária. O problema está na importância que a atividade realizada, com muita ou pouca dificuldade, tem para a pessoa idosa.

Imagine o sofrimento de uma dor no ombro para quem gosta de cozinhar ou dirigir? Aquela visão diminuída para quem gosta de ler ou costurar?

Além disso, as atividades de vida diária são classificadas em básicas, instrumentais e avançadas. Básicas envolvem aquelas para o autocuidado, como escovar os dentes, levantar da cama e vestir-se; instrumentais envolvem a vida em comunidade, como sair para fazer compras e andar na área externa da residência; avançadas podem ser aquelas relacionadas com a melhora no tempo de corrida, empreender em um novo projeto ou pular de paraquedas.

Note que existe uma complexidade e maiores demandas de autonomia e independência física dependendo da atividade realizada. É muito mais fácil levantar da cama do que pular de paraquedas, concorda?

Essa capacidade funcional para realizar as atividades de vida diária é responsável por permitir desde o levantar sozinho da cama, fazer compras, trabalhar, usar o computador, viajar e fazer uma maratona. Tais atividades não dependem exclusivamente das condições físicas, cognitivas e psicoemocionais da pessoa idosa.

Uma cama adaptada para quem já sofreu um AVC, um carrinho para carregar as compras, o uso do cartão de crédito para facilitar o manejo do dinheiro, saber usar novas tecnologias para se adaptar aos novos tipos de trabalho, saber ler e escrever, ter um tênis adequado e acesso a um bom profissional de educação física são exemplos que mostram que a capacidade funcional pode ser mantida, melhorada ou recuperada quando pensamos mais em manter a pessoa idosa funcionando do que propriamente sem a presença de doenças, que não é a melhor forma para considerar uma pessoa idosa saudável.

Este começo de ano é uma boa oportunidade para que idosas e idosos sejam avaliados, ainda que de forma subjetiva, comparando-os com eles mesmos em relação ao ano passado para saber o que em 2021 não mais conseguem fazer e, identificando a causa ou causas, procurar profissionais capazes de ajudar na recuperação dessas atividades de vida diária.

Então, como sugestão, segue um breve questionário para ser aplicado com a pessoa idosa. Veja se o idoso ou a idosa tem alguma dificuldade para realizar uma ou mais dessas atividades:

  1. Deitar ou levantar da cama?
  2. Comer?
  3. Pentear o cabelo?
  4. Andar no plano?
  5. Vestir-se?
  6. Ir ao banheiro em tempo?
  7. Subir escada (1 lance)?
  8. Medicar-se na hora?
  9. Andar perto de casa?
  10. Fazer compras?
  11. Preparar refeições?
  12. Cortar as unhas do pé?
  13. Sair de transporte público?
  14. Fazer a limpeza de casa?

Referências

Fillenbaum, Gerda G., and Michael A. Smyer. "The development, validity, and reliability of the OARS multidimensional functional assessment questionnaire." Journal of Gerontology 36.4 (1981): 428-434.