Mariana Varella

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Opinião

Mau cheiro no pênis? Pode ser falta de higiene ou problema de saúde

Falar sobre higiene íntima ainda é um tabu. No entanto, a falta de higiene está associada a uma doença que pode ser grave e mutiladora: o câncer de pênis, responsável por mais de 650 amputações penianas no Brasil em 2023, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Além da higiene precária, outros problemas de saúde podem provocar mau cheiro na região genital e outros sintomas.

Para entender melhor a importância da higiene, é essencial conhecer a anatomia do pênis, especialmente as áreas que exigem mais cuidado.

Anatomia externa do pênis

A anatomia externa do pênis é dividida em cabeça (ou glande), corpo e raiz. A glande é a área mais sensível do órgão e é envolvida, quando o pênis está flácido, por uma pele chamada prepúcio. Essa pele é ligada à parte inferior do pênis pelo freio. Quando o pênis fica ereto, o prepúcio se retrai, expondo a glande.

Veja os principais problemas que podem causar mau cheiro na região genital.

Suor excessivo: as glândulas sudoríparas apócrinas estão distribuídas em vários locais do corpo, como axilas, região genital e perianal. Elas são responsáveis por secretar o suor.

Os homens têm mais glândulas apócrinas na região genital do que as mulheres; o suor não tem cheiro, mas, na presença de bactérias, pode adquirir um odor almiscarado que varia de intensidade de acordo com fatores genéticos, idade, higiene e até alimentação.

Fimose: quando o orifício do prepúcio é muito pequeno, pode haver dificuldade de retrair o prepúcio sobre a glande, o que dificulta a exposição do órgão e a limpeza da região.

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Comum em recém-nascidos, a fimose tende a desaparecer na infância. Contudo, nos casos em que ela não regride espontaneamente, pode ser necessário realizar um tratamento cirúrgico (circuncisão).

Esmegma: a falta de higiene adequada pode levar ao acúmulo de uma substância pastosa e esbranquiçada ao redor da glande ou sob o prepúcio de homens não circuncidados. O esmegma surge da combinação de células mortas, oleosidade natural, suor e outros fluidos acumulados.

Essa substância pode provocar um cheiro desagradável na região, semelhante a alguns tipos de queijo.

O esmegma gera um ambiente quente e úmido, perfeito para o crescimento de bactérias que causam cheiro ruim, portanto, precisa ser removido.

Para isso, na hora do banho, puxe gentilmente o prepúcio para trás e limpe a região ao redor da cabeça do pênis com água morna e sabão.

Má higiene: o acúmulo de sujeira, oleosidade, células mortas e suor pode levar à proliferação de bactérias que provocam o mau cheiro. Por isso, é importante lavar bem a região genital diariamente e depois das relações sexuais.

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Outra dica que pode ajudar no combate às bactérias é escolher bem o tecido das cuecas. Prefira os respiráveis e que absorvam a umidade, como o algodão, e evite roupas muito apertadas que não permitam a ventilação da região.

Infecções sexualmente transmissíveis (IST): a tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível causada por um protozoário. Ela pode provocar mau odor no pênis, além de secreção espumosa, mau cheirosa, coceira e queimação na hora de ejacular ou urinar.

Bactérias como clamídia e gonorreia também podem causar secreção com mau odor; o herpes genital e a sífilis podem ocasionar lesões que eventualmente podem provocar mau cheiro.

O tratamento das ISTs depende da causa. Clamídia e gonorreia devem ser tratadas com antibióticos, já o herpes, com antivirais. O uso de preservativos é a melhor forma de se proteger contra a maioria das ISTs.

Infecções fúngicas: a colonização excessiva do fungo Candida albicans não é considerada uma IST, mas o fungo ser transmitido através das relações sexuais.

Nos homens, o fungo pode crescer sob o prepúcio e em volta da cabeça do pênis.

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Nesses casos, pode surgir uma secreção esbranquiçada, semelhante ao leite talhado, acompanhada de coceira, queimação, vermelhidão e inflamação no pênis.

Pessoas com problemas de imunidade e diabete ou que tenham tomado antibióticos têm mais risco de desenvolver a infecção, que deve ser tratada com antifúngicos.

Infecções bacterianas: há muitas bactérias que podem provocar infecções no pênis, que podem ser transmitidas por via sexual, ao penetrar em machucados e até pelo uso de piercings na região.

Fique atento a sinais como vermelhidão, inchaço, dor e presença de corrimento.

Síndrome de Fournier: infecção grave e rara, provocada por bactérias que destroem os tecidos moles do pênis, escroto e períneo, e pode levar à necrose do membro e até à morte. Essa infecção requer cuidado médico imediato.

Preste atenção a sintomas como febre, calafrios, confusão mental, náuseas e vômitos acompanhados de secreção com prurido na região perianal.

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Câncer de pênis: o câncer de pênis também pode provocar a saída de secreção com que se forma sob o prepúcio ou na cabeça do pênis e tem odor desagradável.

A doença pode causar lesões ou nódulos e inflamação da glande (balanite).

Esse tipo de câncer é raro, mas fique atento à presença de lesões, nódulos ou outras alterações na glande, prepúcio ou corpo peniano.


Com informações da Cleveland Clinic.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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