Mariana Varella

Mariana Varella

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Tadalafila não combina com academia; quais os riscos do uso?

A cobrança por um bom desempenho físico, com ganho de massa muscular, tem levado homens a buscar medicações prescritas para disfunção erétil com o objetivo de obter um corpo mais musculoso.

Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), os estimulantes sexuais sildenafila, vendido sob o nome comercial Viagra, e tadalafila (Cialis) estão na lista dos dez medicamentos genéricos mais vendidos em 2023.

Além deles, outras drogas fazem parte desse tipo de medicamentos, como vardenafila, lodenafila e udenafila. Mas a sidenafila e a tadalafila são as mais utilizadas no país.

Embora sejam drogas diferentes, elas atuam da mesma forma; o que muda são a dosagem recomendada, o tempo para o início da ação e a duração do efeito. As substâncias ajudam na ereção, mas o estímulo sexual ainda é necessário para obtê-la.

Por serem vendidas sem receita médica, muitos homens utilizam essas drogas de forma recreativa, para obter uma ereção mais duradoura ou aumentar o desempenho em academias.

Uso nas academias

Além do uso recreativo para obter uma ereção mais prolongada, muitas pessoas têm utilizado esses medicamentos, em especial a tadalafila, com intuito de ganhar massa muscular. Ricardo Vita, doutor em urologia pela Faculdade de Medicina da USP e diretor da Comissão de Relações Institucionais e Governamentais da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), condena veementemente esse uso.

"Hoje a tadalafila tem sido usada por fisiculturistas e pessoas que querem melhorar o desempenho muscular, mas não existe evidência científica séria que suporte essa melhora do desempenho físico com uso da tadalafila, por mais que ela tenha um efeito vasodilatador", diz o médico.

O especialista alerta para o fato de a mídia e publicidade influenciarem o uso desses medicamentos. É preciso, ainda de acordo com o Vita, atentar-se especialmente para os anúncios de fórmulas para melhorar a performance sexual na internet, pois em geral esses medicamentos não são controlados pela Anvisa, portanto é impossível saber quais substâncias eles contêm.

Continua após a publicidade

Efeitos adversos e riscos

Até o fim dos anos 1990 e início dos 2000, homens com disfunção erétil tinham poucas opções de tratamento. Com o surgimento das drogas que promovem a ereção, a história mudou.

Pertencentes à classe dos inibidores da fosfodiesterase do tipo 5 (PDE5), essas drogas favorecem o relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos (principais estruturas do pênis envolvidas na ereção) e a dilatação das artérias que levam o sangue ao órgão. Desse modo, o sangue flui com mais facilidade no pênis, provocando a ereção.

De acordo com Vita, esses medicamentos estão indicados para "homens que têm disfunção erétil, que não conseguem obter uma ereção satisfatória para penetração ou que não consigam manter a ereção durante todo o intercurso sexual".

No entanto, há riscos para alguns pacientes. "A contraindicação mais absoluta são os homens que usam nitratos, que são substâncias que podem baixar muito a pressão e que, usadas em conjunto com essas drogas, podem causar um risco de hipotensão grave", explica Vita.

Outros pacientes precisam de avaliação médica cuidadosa antes de fazer uso dos medicamentos para disfunção erétil: "Pacientes que têm doenças cardíacas graves ou recentes, uma pressão arterial muito instável, de difícil controle, pacientes que tenham uma insuficiência hepática ou renal mais grave precisam de avaliação médica", comenta.

Continua após a publicidade

Além das contraindicações, estes medicamentos podem causar efeitos indesejáveis, que incluem dor de cabeça, rubor facial, indigestão, dor muscular (principalmente nas costas), congestão nasal, perda súbita de visão e audição, além dos riscos cardiovasculares mencionados.

O uso sem indicação pode, segundo Vita, provocar priapismo, uma ereção prolongada e dolorosa que faz com que o sangue não circule adequadamente e fique mais venoso, com menos oxigênio, podendo resultar em isquemia do pênis.

O fato de a tadalafila e outras drogas da mesma classe provocarem uma vasodilatação no pênis não significa que elas aumentem o rendimento físico

Além disso, como todo medicamento, os inibidores da fosfodiesterase do tipo 5 podem provocar efeitos adversos. Sem o acompanhamento médico, alguns pacientes podem ter efeitos graves.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.