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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bebê está 'sentado': o que isso significa? Pode ou não ser parto vaginal?

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

28/12/2022 04h00

A apresentação pélvica é a posição que o feto assume na gestação, em que a pelve fetal é o que está mais próximo ao canal de parto, ou como dizemos popularmente, "o bebê está sentado".

A incidência de fetos pélvicos no momento do parto é de 3% a 4%, embora tenhamos uma sensação ou percepção de que esse número é bem maior, isso geralmente acontece pois muitos bebês passam longos períodos na posição pélvica, mas próximo ao parto isso é alterado.

O parto vaginal na apresentação pélvica constitui um desafio para profissionais que acompanham parto vaginal, por possuir um risco maior se comparado com parto vaginal em que o feto está na posição cefálica (de cabeça para baixo), por tecnicamente exigir uma habilidade e treinamento maior do profissional e, porque ao longo dos anos observamos uma diminuição do número de partos pélvicos vaginais, logo o treinamento e habilidade dos profissionais também é impactado.

Embora o risco de um parto pélvico seja maior, é importante observar que todos os partos possuem risco, mesmo quando falamos de assistências nos melhores serviços e com os melhores profissionais. Sendo assim, que não falamos de mortalidade neonatal, temos 2:1.000 no parto pélvico vaginal e 1:1.000 no parto vaginal de feto cefálico.

Fim de gestação e seu bebê permanece sentado?

Para auxiliar e modificar a posição do feto durante a gestação as pessoas podem lançar mão de algumas atividades.

A primeira é esperar antes de se desesperar, lembrando que apenas 3% a 4% dos bebês chegam ao momento do parto nesta apresentação.

- Spinning Babies: são exercícios e movimentos pélvicos para modificar a apresentação do bebê, podem ser feitos com auxílio de profissionais habilitados que acompanham gestantes (fisioterapeutas, doulas, obstetras, obstetrizes e enfermeiras obstétricas).

- Versão Cefálica Externa: movimento para girar o bebê, movendo os pés e cabeça do bebê, é feito com auxílio de ultrassom, anestesia e no hospital. A indicação é que seja preferencialmente realizada após 37 semanas de gestação.

E se essas tentativas falharem?

- Parto pélvico vaginal: procure uma equipe habilitada e motivada no atendimento a parto pélvico vaginal.

No parto:

Monitorização do feto deve ser frequente;

A posição de quatro apoios aumenta o ângulo da pelve materna e pode auxiliar no parto;

Analgesia (forma de anestesia usada no parto): pode ser feita a pedido da pessoa em trabalho de parto;

Atitudes intervencionistas aumentam o risco de parada da evolução do trabalho de parto;

Não há necessidade de ultrassom durante o trabalho de parto.

- Cesárea: mesmo com as tentativas anteriores, se a posição do bebê não mudar e uma equipe habilitada não estiver disponível, se informe para um parto cesárea, da forma mais humanizada, e acredite, isso é possível.

A escolha da via de parto deve ser feita pela pessoa gestante, considerando seus desejos pessoais, conhecimento das possibilidades e conhecimento e habilidade do profissional que acompanhará o parto.

Sabendo que o parto vaginal de bebês pélvicos constitui riscos maiores em comparação com parto vaginal cefálico, mas não é uma contraindicação. Nesses casos e em mãos com habilidade para esse acompanhamento, o parto vaginal é possível e seguro. Independentemente de como, o importante é que tudo seja feito com segurança e humanização.

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Referências:

FONSECA, Andreia et al. Parto pélvico vaginal. Acta Obstet. Ginecol. Port., Coimbra, v. 15, n. 1, p. 75-83, mar. 2021.

FONSECA, Andreia; CLODE, Nuno. Vaginal breech delivery seen from a different perspective - a case series. Acta Obstet Ginecol Port, Coimbra , v. 13, n. 3, p. 176-179, out. 2019 .