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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quando deve ser feita a primeira consulta ginecológica de uma mulher?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

15/06/2022 04h00

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Hoje pensei em trazer uma reflexão: você já percebeu como é comum a associação entre consulta ginecológica e questões sexuais? Pessoas procuram o ginecologista para contracepção, avaliar a possibilidade de um corrimento vaginal estar associado a uma infecção sexualmente transmitida, porém, acredite, a consulta ginecológica inclui essas questões, mas também diz respeito à saúde feminina.

Quando pensamos em saúde, talvez o ponto principal seja o conhecimento, mas não é raro ver pessoas adultas que não sabem diferenciar vagina de vulva, secreção de corrimento vaginal, como utilizar preservativo, coletor menstrual, entre outras questões que podem ser esclarecidas em uma consulta ginecológica.

Essas informações, embora sejam essenciais para uma boa saúde íntima, nem sempre são dadas, motivo que justifica uma consulta ginecológica independente de idade, da primeira menstruação ou relação sexual. A primeira consulta ginecológica pode ser feita assim que os responsáveis considerarem que uma conversa sobre o corpo pode ser feita, sem que nesta consulta seja ofertado anticoncepcional ou coletado papanicolau, por exemplo.

Adequar essa primeira consulta na adolescência, por exemplo, pode ser uma forma de ajudar a adolescente a compreender sua saúde íntima, realizar a higiene corretamente, escolher o método menstrual que ela considere mais adequado dentro da sua realidade, além de ter uma pessoa de confiança e profissional para dúvidas sexuais quando elas chegarem.

Agora, na prática, como será essa consulta? Bem, isso depende da paciente e do profissional que irá conduzir a consulta, cada um tem uma dinâmica, mas é importante ressaltar que não existem regras. Algumas pessoas podem ser beneficiadas por consultas iniciais pautadas apenas em uma conversa, sem exame físico, outras podem ter essa mistura entre exame físico e conversa, cada um com uma particularidade e que, sempre que possível, tudo possibilite uma troca para que, tanto profissional quanto paciente, tenham neste momento um ambiente agradável.

Embora tenha falado sobre o ideal de uma consulta ginecológica ainda na adolescência, em que o profissional cria e permite um ambiente agradável de conhecimento e troca, nem sempre isso acontece e nem sempre desta forma, mas independente da idade, a sensação de culpa por ter feito ou não algo não deve impedir uma consulta médica, ao bom profissional, não cabe julgamento e, sim, acolhimento.

Resumindo a primeira consulta ginecológica:

  • Pode ser feita em qualquer idade;
  • Menores de idade podem ir a consulta e tem direito a preservação de seu sigilo médico, que só pode ser quebrado em caso de procedimentos médicos ou de alguma situação ou condição de risco;
  • O profissional que atende mais de um membro da família não pode falar sobre outro membro, o sigilo médico limita isso, nem mesmo responder ou contar se a pessoa utiliza algum anticoncepcional ou se já iniciou sua vida sexual, por exemplo;
  • A coleta do papanicolau deve seguir a recomendação do Ministério da Saúde, como uma forma de pesquisa relacionada com lesões sugestivas de câncer de colo do útero, ou seja, não tem indicação de ser feita logo depois do primeiro contato sexual, por exemplo.

Por fim, o temido exame ginecológico só deve ocorrer com consentimento e com indicação, sem que isso se torne um tema para desconforto, afinal de contas, a consulta ginecológica vai muito além do exame físico.

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