Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sífilis tem tratamento eficaz e barato, mas que encontra muitas barreiras
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A sífilis é uma questão de saúde pública mundial e temos observado um aumento significativo no número de casos, embora existam medidas para evitar a infecção e seu tratamento seja eficaz e com baixo custo.
Em outubro de 2021, foi publicado um Boletim Epidemiológico de Sífilis do Ministério da Saúde, e os dados mostram uma redução no número de casos, porém essa redução está ocorrendo após diversos períodos de aumento significativos e destaca-se que o panorama da doença no Brasil é semelhante ao de outros países do mundo, com dados ainda preocupantes, que merecem nossa atenção.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Treponema pallidum, a transmissão pode ocorrer por contato sexual, durante a gravidez pela placenta ou contato com o sangue ou lesões. As manifestações podem começar após um período de 10 a 90 dias.
Se não for tratada poderá evoluir de formas diferentes dependendo do tempo entre a infecção e o diagnóstico. A infecção é dividida entre recente e tardia, sendo recente a infecção que acontece até um ano da infecção, nessa fase é comum a presença de lesões que possuem muitos treponemas; a tardia ocorre após um ano, geralmente existe poucas lesões e com poucos treponemas.
Quanto aos sintomas, na fase recente é possível observar o cancro duro, uma lesão pequena que aparece na região anal ou genital geralmente indolor que desaparece espontaneamente, após a evolução da doença é possível observar lesões generalizadas parecendo manchas, bolhas e depois a goma sifilítica e as formas mais graves: sífilis cardiovascular e neurossífilis.
Quando se trata de infecção sexual, muitas vezes o tratamento encontra barreiras e questões pessoais complexas. Quando um parceiro(a) descobre a infecção é recomendado que seu parceiro(a) também seja testado e tratado. A recomendação nesse caso é que utilize preservativo, entretanto, sabemos da dificuldade em manter uma relação duradoura com o uso de preservativos, mas não se pode deixar de lado a informação, assim como a liberdade da decisão do casal.
O diagnóstico pode ser feito através de exames de sangue e nas lesões, que avaliam direta ou indiretamente a infecção. Lembrando que nem sempre as manifestações iniciais da sífilis são observadas, por esse motivo exames de sangue periódicos para pessoas que podem ter se infectado são muito importantes para que o tratamento seja feito precocemente e para evitar a infecção de disseminação.
Crie o hábito de falar com seu médico sobre infecções sexualmente transmissíveis caso você tenha tido relações sexuais desprotegidas.
O tratamento pode ser feito com doses específicas para a fase da infecção com uso de penicilina g benzatina a benzetacil.
Quando a sífilis ocorre na gestação, a infecção pode levar a abortamento, morte do feto, restrição do crescimento fetal e parto prematuro. Na gravidez, o teste para sífilis deve ser feito no primeiro trimestre, geralmente quando ocorre a primeira consulta de pré-natal, no terceiro trimestre, na internação para o parto e no caso de internação por abortamento o teste também deverá ser feito.
Após o diagnóstico na gestação, a recomendação é de que o tratamento seja iniciado imediatamente, pois isso reduz a possibilidade de infecção fetal.
O sexo é coberto de escolhas, cada indivíduo deve conscientemente saber dos riscos de uma relação desprotegida entendendo a dinâmica de sua relação e tudo que está envolvido, sempre com respeito e consentimento.
Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para dralarissacassiano@uol.com.br.
Referências:
Menezes ML, Passos MR. Sífilis e gravidez. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Obstetrícia, no. 68/ Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas).
Arando Lasagabaster M, Otero Guerra L. Sífilis. Enferm Infecc Microbiol Clin. 2019. https://doi.org/10.1016/j.eimc.2018.12.009
Boletim Epidemiológico de Sífilis de 2021.
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