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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que significa uma gravidez de alto risco e como minimizar problemas

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

11/05/2021 04h00

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O estado de São Paulo iniciará a vacinação contra covid-19 para gestantes com comorbidade, ou seja, as gestantes que são consideradas de alto risco, fato que gera muitas dúvidas porque algumas pessoas entenderam que a vacinação é para todas.

Isso está nos planos do governo, mas só deve ser iniciado na próxima fase. Outros estão em dúvida sobre quais grávidas são consideradas de alto risco para receberem a vacina.

A orientação é que poderão ser vacinadas gestantes e puérperas, ou seja, as mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias, acima de 18 anos com comorbidades que foram definidas pelo próprio governo estadual.

Nessa lista, as doenças mais frequentes entre as gestantes são diabetes mellitus, hipertensão arterial, obesidade mórbida, alterações cardíacas, pulmonares entre outras. Para se vacinar será necessário levar até um posto de vacinação documentos que comprovem a comorbidade, carteirinha da gestante ou declaração de nascimento do bebê para as puérperas.

Mas quando estamos falando que uma gestação é de alto risco, para quem é esse risco?

Para algumas pessoas, uma gestante que faz acompanhamento com pré-natal de alto risco carrega o significado de que a gestante ou bebê correm risco de morte, ou que o parto será cesárea e que a gestante deve permanecer a maior parte do tempo em repouso, mas não é assim em muitos casos.

No momento em que o número de gestantes pertencentes a este grupo vem aumentado anualmente é válido falar um pouco sobre o tema.

Segundo Caldeyro-Barcia (1973), gestação de alto risco é aquela na qual a vida ou a saúde da mãe ou do feto têm maiores chances de serem afetadas que as da média da população considerada, ou seja, é aquela que possui um risco maior do que as outras gestantes, em alguns casos sem mesmo existir uma doença propriamente dita, como no caso de gestantes adolescentes, com mais de 35 anos, que já realizaram cirurgia bariátrica ou tiveram parto prematuro anterior.

Esses são exemplos de situações que não necessariamente a gestante possui uma doença, mas que sua condição pode aumentar o risco para a gestação, desta forma o acompanhamento com médico especialista será importante para analisar os riscos e prontamente cuidar da melhor maneira possível da gestante e do feto.

O que muda no pré-natal de alto risco?

Para algumas condições, a rotina de consultas e exames terá que ser aumentada, algumas gestantes devem utilizar medicações para reduzir o risco de pressão alta, trabalho de parto prematuro e infecção de urina. Outros procedimentos podem ser indicados durante a gestação, como fechamento do colo do útero, cirurgia no feto, punção para coleta de líquido amniótico e exames mais específicos.

Mas em outros casos a única recomendação será o acompanhamento pré-natal mais próximo focando na atenção, prevenção e assistência materna e fetal.

O parto tem que ser cesariana quando tenho uma gestação de alto risco?

Não, muitas vezes a ideia de uma cesárea agendada dá a sensação de segurança e isenção de risco, mas o parto é um momento imprevisível e nenhuma das formas de nascimento dá essa garantia.

Em algumas situações, como bebê na transversal, placenta cobrindo o colo do útero e frequência cardíaca do bebê alterada, a indicação de cesárea se faz necessária, mas em muitas outras o parto vaginal pode ser um aliado para uma recuperação mais rápida.

Exemplo disso são pacientes com diabetes gestacional em que a cicatrização pode ser mais lenta e possibilidade de infecção maior, assim como gestantes com hipertensão que se expõe a um risco maior quando passam por procedimento cirúrgico. Mas isso é indicado sempre avaliando risco, benefício e respeitando o desejo da gestante.

Repouso absoluto é necessário?

O repouso estará indicado em situações cujo estresse possa afetar a gestação, como risco de trabalho de parto prematuro e hipertensão de difícil controle, que se beneficiarão de condições mais tranquilas neste período, mas é claro que cada caso é um caso e possui suas particularidades a serem avaliadas com a obstetra e médica do trabalho.

Como reduzir os riscos de uma gestação?

Uma das formas é realizando uma consulta antes de engravidar, ela poderá ajudar a avaliar possíveis riscos e reduzi-los, além de aumentar a taxa de fertilidade em alguns casos.

Com planejamento gestacional, conhecimento, pré-natal especializado e acolhimento, esse momento poderá ser mais tranquilo e seguro.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

https://www.saopaulo.sp.gov.br/noticias-coronavirus/sp-anuncia-vacinacao-contra-covid-19-de-novos-grupos-com-comorbidades-e-deficiencias-2/

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf