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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Entenda os tipos de DIU disponíveis, como funcionam e quanto tempo duram

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

27/04/2021 04h00

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Você sabe quais são os tipos de DIU (dispositivo intra-uterino) disponíveis atualmente e como eles funcionam?

Por algum tempo, o DIU foi deixado de lado, mas nos últimos anos, com aumento das pesquisas, investimentos e busca feminina por métodos com menos ou sem nenhum hormônio, sua procura vem aumentando por ser seguro e prático.

DIU é um método contraceptivo que fica dentro do útero. É seguro, eficaz e de longa duração, pode ser inserido no consultório, centro cirúrgico sob sedação e imediatamente após o parto vaginal ou cesariana.

Ele pode ser usado por mulheres que nunca engravidaram, e por pessoas que possuem contraindicação a métodos hormonais.

Está contraindicado para quem possui cólicas menstruais intensas, fluxo menstrual intenso, alterações uterinas (útero septado, bicorno ou didelfo), mioma —dependendo do tamanho e localização—, alergia a um dos componentes, inflamação pélvica, câncer de colo do útero e também para quem está em investigação de sangramento uterino aumentado e com câncer de mama para quem deseja o DIU hormonal.

Atualmente, a inserção já é custeada pelos planos de saúde e está disponível no SUS. Para quem irá arcar com os custos, o valor do DIU varia de R$ 100 a 400 para as versões não hormonais e de R$ 800 a 1.200 para os modelos hormonais. Em ambos o valor da inserção deve ser acrescentado, variando muito entre os profissionais.

De maneira geral existem 2 tipos de DIUs, com e sem hormônio, e dentre eles existem subtipos que irão se ajustar aos desejos e necessidades de cada pessoa.

  • Hormonais

Mirena: opção para quem deseja um método hormonal com duração de 5 anos (alguns estudos já avaliam a possibilidade do uso por até 7 anos em alguns países), pode auxiliar no controle de sangramentos vaginais aumentados e reposição hormonal.

Kyleena: menor que o Mirena, indicado para paciente com fluxo menstrual menor, pode ser utilizado por até 5 anos. Por ser menor, tanto a colocação quanto a sua utilização podem ser menos desconfortável.

  • Não hormonais

Se dividem em dois modelos: cobre e prata com cobre, eles funcionam alterando a secreção uterina, e impedindo a fecundação, sem alterar a ovulação ou ciclo menstrual. Podem aumentar o fluxo menstrual, mas não interferem na libido, não levam a ganho de peso e não são sentidos durante a penetração vaginal.

DIU de cobre 380 A: modelo mais conhecido, válido por 10 anos, possui o conhecido formato em T.
DIU de cobre 375: parecido com o DIU tradicional, mas em formato de ferradura para aumentar a fixação na cavidade do útero. Pode ser usado por até 5 anos.
DIU de cobre 250: é menor, possui um formato de ferradura, indicado para úteros de tamanho intermediário e duração de 3 anos.
DIU de cobre com prata 380: acredita-se que a prata reduza a oxidação do cobre e reduza a dor de quem utiliza; possui duração de 5 anos.
Mini DIU de cobre 375: em formato de âncora para aumentar a aderência ao útero e menor para se ajustar a úteros menores, pode ser usado por até 5 anos.

Com ou sem hormônio?

A resposta depende do objetivo com o DIU e das indicações. Os modelos com hormônio podem ajudar pacientes com sangramento aumentado, endometriose, fluxo irregular na menopausa e como forma de reposição hormonal, porém podem afetar a libido, acnes podem surgir, dores na pelve e abdome, além de alterações no fluxo menstrual, o que pode causar desconforto.

Já os métodos sem hormônio são uma boa opção para quem tem contraindicação ao hormônio, tem um fluxo menstrual pequeno a moderado e prefere um método mais duradouro.

O DIU possui uma taxa de falha que gira em torno de 0,2 a 0,9 em 100 mulheres observadas por ano, um número baixo, mas um número que deve ser um lembrete de que nenhum método possui 100% de eficácia.

Até mesmo a laqueadura pode falhar e para reduzir a taxa de falha é importante que após a inserção o controle ginecológico seja mantido durante todo o período de utilização do método.

Decidi qual eu quero, como faço para inserir?

Realizar uma consulta ginecológica é o primeiro ponto, pois na consulta o exame físico vai guiar a inserção, inclusive já realizei inserções em que a paciente utilizou analgésico antes e anestésico no momento da colocação e me contou que a inserção foi muito mais tranquila do que o esperado. Porém, algumas pacientes com maior sensibilidade a dor, mesmo com essas medidas, podem necessitar de uma inserção com sedação.

O DIU pode ser inserido em qualquer momento do ciclo, sempre afastando uma possibilidade de gestação. Alguns profissionais preferem inserir durante a menstruação, pois acreditam que o desconforto será menor e não será necessário teste de gravidez.

O efeito do DIU não hormonal inicia imediatamente e o DIU hormonal, se a inserção ocorrer dentro dos primeiros 7 dias da menstruação, é imediato, caso contrário o preservativo deverá ser utilizado nos primeiros 7 dias.

Independentemente do tempo recomendado de uso, o DIU pode ser retirado a qualquer momento após sua inserção com rápido retomo da fertilidade.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências

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