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Larissa Cassiano

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Síndrome do ovário policístico: será que dá para engravidar?

Fernanda Garcia/VivaBem
Imagem: Fernanda Garcia/VivaBem

Colunista do UOL

06/04/2021 04h00

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A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma alteração endocrinológica, mas frequente na ginecologia, e chega a acometer de 6 a 10% das mulheres em idade fértil. É caracterizada pela ausência de menstruação e aumento de alguns hormônios, além disso está entre uma das principais causas de infertilidade.

Com o conhecimento atual acreditamos que a SOP aconteça por fatores genéticos desencadeados por questões ambientais como estilo de vida, nutrição e obesidade, que age tanto como um desencadeador quanto como um complicador. Além disso, mulheres que engravidam possuem maiores riscos de abortamento precoce e diabetes gestacional.

Aproximadamente 50% das mulheres com SOP são obesas, mas essa não é uma doença exclusiva de mulheres obesas e na presença de sinais sugestivos da síndrome todas devem ser investigadas, pois a longo prazo mulheres com SOP podem apresentar diabetes mellitus, síndrome metabólica, hipertensão e doenças cardiovasculares.

As manifestações da SOP podem iniciar próximo a puberdade e seguir até mesmo atrasando a primeira menstruação, os sintomas podem ser: hirsutismo (crescimento excessivo de pelos), acne, seborreia, alopecia (perda de cabelo), acantose nigricante (mancha acastanhada no pescoço, axilas, virilhas e região abaixo da mama), irregularidade menstrual, obesidade e cistos ovarianos.

O diagnóstico é feito através de critérios elaborados pela Sociedade de Androgênios (2006) e Rotterdam (2004), e avaliam exames de sangue, história da paciente, exame físico e ultrassom com avaliação dos ovários, porém para quem está utilizando anticoncepcionais hormonais pode não ser possível fechar o diagnóstico.

Para essa investigação a dosagem de hormônios de preferência deve ser feita entre o quarto ao décimo dia do ciclo menstrual para mulheres com ciclos regulares e ultrassom transvaginal.

Uma paciente obesa com SOP não deve aguardar até a redução de peso para iniciar o tratamento, já que a redução de peso pode auxiliar. A mudança no estilo de vida, com dieta e exercícios físicos, deve ser considerada, mas com ela outras opções também podem e devem ser utilizadas.

O tratamento da SOP é complexo porque aborda diversos aspectos diferentes e com particularidades, dependendo do objetivo esperado focando na redução da resposta hormonal para permitir que os ciclos fiquem regulares e reduzindo os riscos cardiovasculares.

Para a maioria das pacientes, perdas de peso de 5 a 10% podem ser suficientes para restabelecer a função ovariana e melhorar a resposta à indução da ovulação.

Para todos os casos, é indicado mudança do estilo de vida, alimentação e redução de peso. Quem não deseja engravidar pode utilizar medicações que alteram a sensibilidade a insulina, anticoncepcionais orais, bloqueadores hormonais e hormônio para regularizar o ciclo menstrual.

Já quem deseja engravidar pode utilizar medicações que alteram a sensibilidade a insulina, estimulam a ovulação, cirurgia por vídeo com perfurações ovarianas, punção ovariana transvaginal e tratamento de fertilidade, como a fertilização in vitro.

Com avaliação adequada e tratamento, as mulheres com SOP podem ter ciclos menstruais regulares e quem desejar pode buscar orientações e tratamento para engravidar.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

SANTANA, Laura Ferreira et al. Tratamento da infertilidade em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 30, n. 4, p. 201-209, abr. 2008;

MOURA, Heloisa Helena Gonçalves de et al. Síndrome do ovário policístico: abordagem dermatológica. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 86, n. 1, p. 111-119, fev. 2011;

Terapêutica clínica em ginecologia / [editores] Edmund Chada Baracat, Angela Maggio da Fonseca, Vicente Bagnoli, Barueri, SP: Manole, 2015.