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Larissa Cassiano

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Candidíase é infecção genital feminina bem frequente; entenda causas

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

30/03/2021 04h00

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A candidíase vulvovaginal é uma das infecções genitais femininas mais frequentes, chegando a acometer 75% das mulheres ao menos uma vez na vida. A infecção é causada pela Candida albicans em 80% a 92% dos casos.

Esse fungo pode ser encontrado na boca, no intestino, na pele, na vagina e na vulva, mesmo presente nem sempre causa infecção, geralmente as alterações acontecem quando existe um desequilíbrio.

Na vulva e na vagina pode gerar uma mudança no pH e criar um ambiente favorável para sua proliferação. Ela não é considerada uma infecção sexualmente transmitida e o parceiro não precisa ser tratado, porém o sêmen pode alterar o pH e piorar o quadro de candidíase, assim como oscilações no ciclo também podem exacerbar quadros, principalmente no período pré-menstrual.

Algumas condições podem aumentar as chances para que a candidíase aconteça: tratamentos com antibiótico e corticoide, gravidez, tratamento de químio e radioterapia, redução da imunidade, uso de contraceptivo hormonal oral, hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local, diabetes (sem controle), contato com substâncias que causam alergia e irritação como talcos, perfumes, sabonetes, lenços umedecidos ou desodorantes íntimos e deficiência de ferro e zinco.

Quando a candidíase ocorre mais de quatro vezes em um intervalo de um ano ela é considerada de repetição ou recorrente. Não temos muitas informações específicas sobre as causas para essa recorrência, mas talvez a genética possa ter uma relação nestes casos.

Na candidíase pode ocorrer corrimento branco espesso, coceira, dor, ardência, dor para fazer xixi, desconforto durante a penetração vaginal, fissuras vaginais, inchaço, vermelhidão genital e redução da libido.

Embora os sintomas de candidíase possam parecer muito característicos, algumas patologias como líquen escleroso, dermatite vulvar, vaginite citolítica, vaginite inflamatória descamativa, formas atípicas de herpes genital e reações de hipersensibilidade podem ter sintomas semelhantes, por este motivo é importante sempre buscar ajuda médica para descartar outras doenças.

O diagnóstico geralmente é feito com base nas queixas e exame ginecológico, porém se necessário é possível realizar exame microscópico do conteúdo vaginal e cultura para fungos. O exame é muito importante principalmente para os casos de repetição e os casos complicados.

Para o tratamento da candidíase existem diversas opções: cremes vaginais por 7 a 14 dias, comprimidos de dose única e de formas alternativas. Para parceiros sexuais não se recomenda tratamento, exceto os sintomáticos e nos casos de repetição.

Para casos de repetição, o tratamento deve ser ampliado para até 6 meses. Já as gestantes e mulheres que amamentam, o recomendado é realizar apenas tratamento com cremes vaginais.

Durante o tratamento, as relações sexuais devem ser suspensas, para evitar novas contaminações, para o tratamento oral, dependendo do medicamento escolhido, o consumo de álcool deve ser suspenso, pois pode ocorrer efeito colateral levando a mal-estar, náuseas, tonturas e gosto metálico na boca.

Para evitar novos quadros de infecção, procure: fazer xixi após a relação sexual, evitar segurar o xixi, aumentar a ingestão de frutas e verduras, reduzir o consumo excessivo de açúcar e, se for passar o dia na piscina, evite passar o dia todo com a roupa intima úmida.

Para quem deseja tratamentos baseados em ginecologia natural é possível utilizar iogurte natural, sálvia, calêndula, óleo de coco, óleo essencial de melaleuca, aloe vera (babosa), banho de assento com camomila, entre outras opções que devem ser sempre orientadas por profissional, principalmente para as gestantes.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

Carvalho, Newton Sergio de et al. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam corrimento vaginal. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. v. 30, n. spe1;

Terapêutica clínica em ginecologia / [editores] Edmund Chada Baracat, Angela Maggio da Fonseca, Vicente Bagnoli, Barueri, SP: Manole, 2015;

CAMPINHO, Lucélia Cristina Pedras; SANTOS, Susana Margarida Vilar; AZEVEDO, Alexandra Cardoso. Probióticos em mulheres com candidíase vulvovaginal: qual a evidência? Rev Port Med Geral Fam, Lisboa, v. 35, n. 6, p. 465-468, dez. 2019;

Manual de introdução à Ginecologia Natural; Pabla Pérez San Martín, Ginecosofía Ediciones, 2015.