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Katleen da Cruz Conceição

Entenda como a toxina botulínica pode tratar a transpiração excessiva

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

31/08/2020 04h00

A pergunta de hoje questiona sobre o uso de toxina botulínica para tratar hiperidrose e bromidrose. Se você tem alguma dúvida, envie para vivabem@uol.com.br.

A hiperidrose é caracterizada pela transpiração excessiva e incontrolável, podendo surgir sem qualquer fator desencadeante aparente. Atinge homens e mulheres e se manifesta em várias idades. Apesar de ser indispensável para controlar a temperatura do corpo, especialmente durante a prática de exercícios físicos, o suor excessivo causa impacto significativo na vida profissional e emocional dessas pessoas. Os sintomas cessam durante o sono. A bromidrose é a sudorese corporal vem acompanhada de um suor desagradável.

O diagnóstico é totalmente clínico, não requerendo nenhum exame.

Quais os tratamentos possíveis?

Primeiro é preciso determinar a causa da condição, diagnosticando alguma doença ou uso de medicação. No caso de hiperidrose primária, existem alguns tratamentos disponíveis como:

  • Antitranspirantes: sudorese excessiva pode ser controlada com fortes antitranspirantes.
  • Medicamentos: drogas anticolinérgicas ajudam a impedir a estimulação das glândulas sudoríparas, mas, embora eficazes para alguns pacientes, são pouco receitadas. Os efeitos colaterais incluem boca seca, tonturas e problemas com a micção. Os betabloqueadores ou benzodiazepínicos podem ajudar a reduzir a transpiração relacionada ao estresse.
  • Iontoforese: procedimento que usa eletricidade para "desligar" temporariamente a glândula do suor e é mais eficaz para a transpiração das mãos e dos pés. As mãos e os pés são colocados em água e, em seguida, liga-se uma leve corrente elétrica. Esta é gradualmente aumentada até que o paciente sinta uma sensação de formigamento. A terapia dura entre 10 e 20 minutos, e requer várias sessões. Os efeitos colaterais, embora raros, incluem bolhas e rachaduras da pele.
  • Simpatectomia torácica endoscópica (STE): em casos graves, que não respondem aos tratamentos clínicos, pode-se recomendar um procedimento cirúrgico executado por cirurgião tóracico ou vascular. Este procedimento desliga o sinal que avisa ao corpo para suar excessivamente. Sua melhor indicação é para os casos nos quais as palmas das mãos ou plantas dos pés são acometidas. A principal complicação é começar a suar em outras áreas do corpo, o que chamamos de hiperidrose compensatória.

Curetagem e liposucção: em alguns casos de hiperidrose axilar pode ser feita uma "raspagem", ou mesmo uma liposucção das glândulas sudoríparas e da gordura que está abaixo da pele da axila, aliviando, desta forma, a sudorese.

E a toxina botulínica?

A toxina botulínica tipo A também é usada para tratar os quadros, ela pode ser injetada na axila, nas mãos ou nos pés para bloquear temporariamente a sudorese, sendo seu principal inconveniente a dor na aplicação.

A toxina botulínica é conhecida por bloquear fibras colinérgicas simpáticas pós-ganglionares na região das glândulas sudoríparas. Desde a década de 1990, tem sido empregada no tratamento da hiperidrose focal, e vários estudos demonstraram sua eficácia, segurança e boa tolerabilidade como opção aos tratamentos tópicos, sistêmicos e cirúrgicos.

Ela tem duração de 6 a 8 meses, porém estudos mostraram pacientes que apresentaram diminuição do suor durante 12 meses.

A toxina botulínica resolve a hiperhidrose e, consequentemente, melhora também o odor do local, pois o bloqueio sináptico provocado, provavelmente, causa atrofia e involução das glândulas sudoríparas temporariamente, evitando assim a colonização de bactérias e a melhora do odor.

O médico dermatologista realiza a aplicação da toxina botulínica e ainda associa medicações tópicas para melhorar a bromidrose.

Qualidade de vida afetada

A hiperidrose focal pode levar a uma grande variedade de condições médicas secundárias, como supercrescimento bacteriano ou de fungos, câibras musculares, dermatite eczematosa e outras condições dermatológicas, assim como ansiedade e outros distúrbios psicológicos.

O mais importante para os pacientes, entretanto, é seu efeito sobre a qualidade de vida. A hiperidrose pode ter efeitos significativos sobre os pacientes, interferindo nas relações sociais, no trabalho e em atividades cotidianas, provocando impacto negativo na qualidade de vida, com potencial de estigmatização social.

Para propósitos práticos de diagnóstico, deve-se considerar a visão subjetiva do paciente, ou seja, qualquer sudorese que interfere significativamente no dia a dia (física ou psicologicamente, tanto no meio social como no profissional) deve ser tratada como anormal.