Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Por que produzir demais no trabalho pode ser tóxico?
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Você tem exagerado na carga de trabalho durante a pandemia e anda produzindo mais do que o necessário? Não tem mais hora para começar ou interromper sua rotina? Vive cansado e achando que não dá conta do recado? Fica sempre com a sensação de que está devendo? Pois saiba que esse excesso de produtividade pode aumentar o nível de estresse, piorar o sono e até levar a um transtorno de ansiedade ou a um quadro de depressão.
Esse modo de produzir "tóxico" não surgiu com a pandemia, mas certamente as inseguranças econômicas, o medo de perder o emprego e a necessidade de "mostrar serviço" escalaram o fenômeno a níveis nunca vistos.
Produtividade tóxica
A produtividade tóxica envolve altos níveis de exigência e cobrança pessoal, sensação de estar "viciado" no trabalho e o desejo incessante de estar sempre querendo crescer e melhorar, sem qualquer espaço para folgas e falhas. Um artigo recente do jornal El País discute o tema.
A produtividade tóxica tende a surgir em um cenário de pressão por melhor desempenho e produção, competitividade e risco de desemprego. O comportamento acaba sendo tóxico porque não é sustentável no longo prazo e impacta negativamente a saúde e a qualidade de vida da pessoa. Não há quase tempo para lazer ou para se "desligar".
A pandemia e a vida em casa fizeram com que os limites entre lazer e trabalho ficassem menos nítidos, deixaram as nossas telas ligadas o tempo todo e ofereceram um convite quase permanente ao "estar disponível" para trabalhar. Com isso, a tentação de produzir sem parar pode dominar o cenário do home office.
Perfis de risco
Pessoas ambiciosas e competitivas correm mais risco de se "intoxicar" com o trabalho, já que elas querem muito chegar na frente. Mas também são perfis mais suscetíveis quem é extremamente exigente com seu desempenho e quem tem questões de autoestima e acha que nunca está produzindo o quanto deveria.
Fatores externos também podem ter um peso nessa equação. Assim, momentos de crise como o que vivemos, escassez de empregos, empresas que criam ambientes competitivos e demandam demais são alguns exemplos de condições que podem aumentar riscos. A pressão extra faz a gente não respeitar limites que seriam fundamentais para nosso equilíbrio, e acabamos sacrificando nossa vida social e os cuidados pessoais.
Os principais sinais de que você pode estar se intoxicando de trabalho são cansaço excessivo, dificuldade em se concentrar, sono irregular, estresse, impaciência, irritabilidade, procrastinação, desânimo e falta de vontade para atividades antes prazerosas. O grande risco é que esse estado de produtividade tóxica leve a quadros mais complexos como síndrome de burnout e transtornos de ansiedade e depressão.
Intervenções possíveis
Para intervir a tempo é importante que a própria pessoa aprenda a se monitorar, perceba quando está esgotada, imponha limites à sua rotina de trabalho e não abra mão de investir em sua vida pessoal e em sua saúde, realizando atividades físicas, meditação, técnicas de relaxamento, sempre dormir bem e ter momentos de lazer, além de tempo com a família e amigos.
As próprias empresas têm um papel cada vez maior nessa questão, criando uma cultura de prevenção que permita que seus colaboradores possam expor seus limites e discutir sua saúde mental.
Nos casos em que a prevenção falha e a pessoa não consegue se impor limites, seria importante uma abordagem em que ela possa contar com uma rede de apoio e com profissionais especializados, como terapeutas e psiquiatras.
E você, já parou para pensar em como anda sua relação com trabalho e produção um ano e meio depois do inicio da pandemia?
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