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Macarrão com mais proteína vale a pena?

O mercado de alimentos proteicos vem crescendo no Brasil, e hoje vemos até opções de macarrão que destacam o teor de proteína no rótulo.

Mas será que essas versões são realmente melhores do que o macarrão convencional?

Um pouco mais proteína, mas principalmente carboidratos

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Imagem: Reprodução/Arte UOL

O Macarrão Vegan Protein, da Mosmann, é sem glúten e feito com farinha de arroz e proteína isolada de ervilha.

A palavra "proteína" ganha destaque na embalagem, mas, na prática, o principal ingrediente do produto é a farinha de arroz, o que significa que os carboidratos ainda dominam a composição: são 29 g de carboidratos em 100 g de alimento cozido, praticamente a mesma quantidade de um macarrão de trigo tradicional.

Na parte da frente do rótulo vemos uma bandeira informando 20% de proteína, mas isso se refere ao macarrão cru. Conforme a tabela nutricional, o alimento cozido tem 8,8% de proteínas. Embora esse valor seja maior que o do macarrão comum (8,8 g contra 3,9 g numa porção de 100 g), e a proteína de ervilha tenha qualidade superior ao glúten, em termos absolutos essa não é uma quantidade expressiva.

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Imagem: Reprodução/Arte UOL

O Macarrão Urbano de Arroz com Feijão aposta na combinação dos dois grãos mais populares da mesa do brasileiro.

A receita também é sem glúten, mas a ênfase na proteína no rótulo parece exagerada: são apenas 4,7 g de proteína para 25 g de carboidratos a cada 100 g de macarrão cozido — um ganho discreto em relação ao macarrão de trigo.

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Imagem: Reprodução/Arte UOL

Já o Macarrão Veggie Protein, da Renata, contém glúten, pois é feito de sêmola de trigo com proteína de ervilha. Ele se assemelha aos outros no teor de carboidratos (24 g por 100 g de macarrão), mas tem a maior quantidade de proteína (10 g por 100 g).

No entanto, parte dessas proteínas vem do glúten do trigo, que tem biodisponibilidade inferior à proteína da ervilha. Pelas informações do rótulo, não é possível saber o quanto de cada tipo de proteína tem no produto.

Vale a pena trocar?

Se você precisa evitar o glúten, as versões sem glúten podem ser uma opção, mas se o objetivo for aumentar a ingestão de proteínas para mais saciedade e construção muscular, será necessário caprichar na receita do molho — ou nas almôndegas. Porque, para obter na refeição uma quantidade de proteína relevante só com o macarrão, a quantidade de carboidratos e calorias será muito maior.

Embora o rótulo dê ênfase à proteína, quem realmente se destaca nos nutrientes segue sendo o amido (glicose), como em qualquer massa.

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Eu sou Sari Fontana, química industrial de alimentos e faço avaliações didáticas para ajudar você a comer de forma mais consciente (me siga no Instagram).

Como você já sabe, o Guia do Supermercado não é patrocinado por nenhuma marca. Por isso temos a liberdade de criticar, mas também de elogiar os produtos que merecem um lugar no nosso carrinho de compras.

Os produtos apresentados aqui são usados como exemplo ilustrativo, mas as explicações valem para alimentos similares de outras empresas. O mais importante é mostrar para você como interpretar a tabela nutricional e a lista de ingredientes dos alimentos, para fazer boas escolhas.

Lembre-se sempre de conferir o rótulo dos produtos que avaliamos, pois o fabricante pode alterar a receita a qualquer momento, adicionando ou substituindo ingredientes.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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