Topo

Elânia Francisca

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tem dias em que viver dói, mas esses dias também são valiosos para se viver

Tristeza, triste - iStock
Tristeza, triste Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

15/04/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
Um dia daqueles sem graça
De chuva cair na vidraça
Um dia qualquer sem pensar
Sentindo o futuro no ar
O ar, carregado, sutil
Um dia de maio ou abril
Sem qualquer amigo do lado
Sozinho, em silêncio, calado
Com uma pergunta na alma:
'Por que nessa tarde tão calma
O tempo parece parado?'"
(As profecias - Raul Seixas)

Tem dias que a gente sabe que é exagero sofrer por tão pouco, mas, mesmo assim, se afoga na dor, porque, olhando daqui de dentro, piscininha parece mar.

Tem dias que a gente acha que não vai conseguir ficar de pé no oceano que é o nosso sofrimento. Igual aquele episódio do Chaves em que o Kiko se afoga na piscina rasa em Acapulco.

Tem dias que a gente sabe que está agindo como "criança mimada", mas, mesmo assim, bate o pé e, se pudesse, a gente até faria birra rolando no chão do mercado.

Tem dias que o peito aperta, o ar some, o corpo entope de dor e tudo o que a gente quer é descongestionar a vida para respirar mais tranquilinha.

Tem dias que a gente só queria dizer: "Mãe, pinga remedinho no meu nariz?"

Tem dias que a gente só quer fazer pirraça, chorar sem derramar uma gota de lágrima, só para todo mundo saber que a gente é boa em fazer um drama.

Tem dias que a gente só quer virar criança, erguer os braços e pedir colo.

Tem dias que a gente quer sair do próprio corpo, se colocar no próprio abraço, se ninar e dormir fungando.

E está tudo bem termos esses dias!

Tem dias que a gente só quer algo que nem mesmo a gente sabe o que é.

Daí, a gente se angustia e tem que aceitar, porque aprendemos que fazer birra é "coisa de criança" e fatalmente, a gente já cresceu.

Tem dias que são assim, mais doloridos que outros dias e esses momentos nos ensinam que podemos nos recolher um pouco e aprender com essas dores.

Sempre podemos pedir apoio a alguém ou ficar um tempo a sós, mas é importante saber que esses dias também são dias valiosos para se viver.