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Elânia Francisca

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Educação em sexualidade: é possível promovê-la e urgente defendê-la

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

29/10/2021 04h00

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Desde 1994, com a CIPD (Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento) que aconteceu no Cairo, os direitos sexuais e reprodutivos são reconhecidos mundialmente como Direitos Humanos. Isso significa que toda pessoa, independente de classe social, gênero, raça e etnia ou faixa etária devem ter acesso a esses direitos.

Então, crianças e adolescentes têm, sim, direitos sexuais e reprodutivos. É sempre bom frisar que direitos sexuais não se resumem ao ato sexual e direitos reprodutivos não têm relação somente com gravidez.

No momento em que levantamos a discussão sobre a importância da Educação em Sexualidade no ambiente escolar, por exemplo, estamos propondo a elaboração de estratégias educacionais que não só informem para crianças e adolescentes sobre seus direitos ao desenvolvimento sexual saudável como também promovendo espaços de reflexão sobre convivência, coexistência e autoconhecimento para tomadas de decisões saudáveis.

Promover direitos sexuais e reprodutivos na infância e na adolescência necessita de uma compreensão mínima sobre as fases de desenvolvimento humano, além de entendimento das estruturas de opressão sofridas na sociedade.

No que diz respeito às fases do desenvolvimento, o trabalho em sexualidade promovido junto às crianças de seis anos de idade possui abordagens e temas diferentes dos que são propostos no trabalho com adolescentes.

Já no âmbito das estruturas de opressão, precisamos entender que as infâncias e adolescências são plurais e que adolescentes negros não vivenciam sua sexualidade no mundo da mesma forma que adolescentes brancos, por exemplo.

No trabalho de Educação em Sexualidade, nós entendemos o corpo com o foco. O corpo é relacional, a gente se relaciona e precisa da relação para se desenvolver, então precisaremos falar sobre diversidade e respeito.

Certa vez, eu estava numa atividade sobre sexualidade com um grupo de crianças e perguntei: qual parte do nosso corpo é invisível?

Uma criança ergueu o braço e disse: a voz!

Daí outra engatou: o peido!

O trabalho educacional em sexualidade nada tem a ver com forçar alguém a ser o que não é, mas apontar que o mundo é maior do que nossa casa, que existem mais religiosidades lindas e fortalecedoras além da nossa e que respeitar as pessoas com vivências, crenças e desejos diferentes dos nossos nos torna coletivamente melhores.

Eu, em meu fazer como psicóloga e educadora em sexualidade, tento sempre contribuir para que exista um mundo justo e que nele caiba todo mundo.