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Elânia Francisca

Educação para o autocuidado e coexistência: as crianças precisam se amar?

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

02/10/2020 04h00

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Eu vou começar esse texto te fazendo uma pergunta de sim ou não: você acha importante uma criança aprender a se amar e se respeitar?

Há alguns anos eu tenho feito essa pergunta em atividades com profissionais de educação, saúde e de serviços da assistência social e, até hoje, nunca recebi uma resposta negativa para tal questionamento. Todos concordam que as crianças precisam se amar e se respeitar, que precisam ter um olhar positivo sobre si e que é importante criar processos de fortalecimento da autoestima. Até aqui estamos em sintonia?

Agora proponho outra reflexão: você acha importante que uma criança aprenda a respeitar as outras pessoas?

Essa pergunta é um pouco mais complexa, porque há quem diga que só merece respeito quem dá respeito. Nessa linha de raciocínio a criança só respeitaria alguém se esse alguém a respeitasse primeiro. Isso quer dizer que se todo mundo se respeitar, a criança aprenderá pelo exemplo dado por nós adultos. O que significa que temos o compromisso de respeitar as pessoas.
Esse exercício interativo que propus até aqui serve para que pensemos na potência de algo que estou chamando de "Educação para o Autocuidado e Coexistência".

Autocuidado é tudo que fazemos para cuidar de nós mesmos e coexistência é a compreensão de que eu não existo sozinha e que mais pessoas estão no mundo existindo comigo.

Para seguirmos nossas reflexões é muito importante que ampliemos o olhar para o que chamamos de Educação. Muita gente acredita que educação só acontece na escola, há outras pessoas que defendem que a educação se dá apenas em casa. Mas vamos pensar um pouco: se a educação é compreendida como um processo de troca, ensino e aprendizagem para o pleno desenvolvimento, isso significa que as pessoas se educam o tempo inteiro e em todos os lugares.

Educação para o autocuidado e coexistência na infância é a compreensão de que as crianças precisam aprender que todas as vidas são importantes, inclusive a dela.

Ao incentivar que as crianças aprendam a lidar com as próprias emoções, ou a tomar banho sozinhas, escovar os dentes ou que não permitam que toquem seu corpo sem autorização e que se alimentem de forma saudável, estamos promovendo ações de educação para o autocuidado. Quando pedimos às crianças que guardem seus brinquedos, que não zombem de seus amigos e familiares, que não agridam as pessoas, estamos falando de coexistência.

Você que está lendo este texto provavelmente já realizou alguma ação de Educação para o Autocuidado e Coexistência, não é?
Já deve ter ensinado a alguma criança que a vida dela é valiosa e que a intimidade dela não deve ser invadida por ninguém. Você já deve ter dito para alguma criança que a agressão física também gera dor emocional e deixa o coleguinha triste, já deve ter pedido que uma criança respeitasse as pessoas que tem vivências diferentes da dela.

Se você já fez alguma dessas coisas, quero lhe informar que você promoveu a Educação para o Autocuidado e Coexistência, que também pode ser chamada de Educação em Sexualidade.

Educação em Sexualidade é a Educação para o Autocuidado e para a Coexistência.