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Edmo Atique Gabriel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Infarto do coração não acontece somente com artérias entupidas; veja outras

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

06/08/2022 04h00

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Existem doenças cardiovasculares que só de ouvir o nome já sentimos frio na barriga. Infarto do coração, sem dúvida alguma, gera muita apreensão em qualquer pessoa, pois acaba sendo relacionado a risco elevado de morte.

E isto não deixa de ser verdade. Quem apresenta um infarto do coração está perdendo parte de seu músculo cardíaco e, portanto, quanto maior a extensão do infarto, maior o risco de sequelas e complicações.

O músculo do coração depende totalmente de fluxo sanguíneo para se manter viável e saudável. Existem artérias conhecidas como coronárias, que conduzem o sangue enriquecido com oxigênio e nutrientes ao músculo.

Os entupimentos destas artérias, geralmente causados por placas de gordura, são as principais causas de um infarto do coração. Estas placas podem se formar ao longo de muitos anos, a partir da infância, como resultado de fatores genéticos e hábitos alimentares.

Mas nem todo o infarto será consequência de entupimento arterial. Duas outras condições, não tão frequentes, podem favorecer a sua ocorrência. A primeira seria uma questão de nascença conhecida como artéria coronária anômala, quando as artérias coronárias apresentam tortuosidades, trajetos atípicos e diâmetros reduzidos. Nesta condição, o fluxo sanguíneo que chega ao músculo cardíaco não consegue suprir as demandas, podendo resultar em um infarto.

A outra condição que merece atenção por ser mais frequente em pessoas que praticam atividades físicas de forma intensa é a hipertrofia do músculo cardíaco. Quando uma pessoa realiza exercício com muita intensidade, sobrecarga e exaustão, pode ocorrer um aumento na espessura das fibras musculares do coração.

A hipertrofia do músculo pode resultar de uma sobrecarga do trabalho cardíaco, mas também pode ser uma condição genética, quando existe uma programação para que ele seja hipertrófico.

Independente da origem desta hipertrofia, existe risco de um infarto pela desproporção entre as fibras musculares mais grossas e as artérias coronárias. Para que fique mais fácil esta compreensão, vamos pensar da seguinte forma: as artérias coronárias nutrem o músculo do coração, mas, quando ele fica mais espesso, o fluxo sanguíneo por estas artérias pode não ser suficiente para as exigências do trabalho cardíaco. Esta desproporção seria o fator causal de um infarto naquelas pessoas que praticam atividades físicas de forma exaustiva.

O uso de hormônios anabolizantes inadvertidamente, visando aumentar a disposição física e ganhar massa muscular, pode ser um agravante da hipertrofia do músculo cardíaco. Muitos esportistas que praticam atividades de altíssima demanda física, utilizam estes hormônios ou suplementos estimulantes para suportar a carga e também manter o desempenho.

O coração humano nada mais é do que um enovelado de um músculo extremamente especializado, que depende de fluxo sanguíneo e da estrutura das fibras musculares.

Caso exista falta de fluxo sanguíneo ou mudança estrutural das fibras (como na hipertrofia vista em esportistas), o risco de um infarto do coração é real. Exames cardiológicos frequentes, avaliação do seu próprio limite e moderação nas práticas esportivas são dicas essenciais.