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Edmo Atique Gabriel

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Por que uma pessoa pode desmaiar? Entenda melhor

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Imagem: iStock

Edmo Gabriel

Colunista do UOL

23/04/2022 04h00

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Falamos muitas vezes sobre o desmaio como sendo algo simples, trivial e sem repercussões. Tratamos este evento como uma pessoa que "desliga" e, de repente, retoma sua consciência. Mas este cenário pode envolver muitas coisas, muitas variáveis e diferentes fatores causais.

Desmaiar não deve ser interpretado como uma ocorrência inofensiva, não somente pelas eventuais complicações como um trauma craniano, mas também pela possibilidade de indicar uma doença grave.

Os desmaios podem estar associados com doenças do coração, doenças cerebrais ou mesmo distúrbios metabólicos. Os desmaios são sinais de alerta para que a pessoa procure ajuda médica, realize exames imediatamente e mude muitos de seus hábitos diários.

Um desmaio pode ocorrer durante a realização de atividade física, dirigindo um carro, deitado no sofá assistindo um filme e trabalhando no escritório. Este "desligar" repentino de uma pessoa pode durar segundos, mas para aqueles que testemunham o fato, o desespero é muito grande e a sensação de impotência diante do que pode estar ocorrendo, é maior ainda.

Diante disto, precisamos ter noção acerca das principais causas de um desmaio e sobre como podemos prevenir esta ocorrência. Para ficar mais fácil, vou dividir as causas de um desmaio de acordo com o órgão afetado.

1) Causas cardiovasculares

Arritmia cardíaca
Mudanças no ritmo cardíaco normal geram também alterações significativas no fluxo sanguíneo entre coração e cérebro. Como consequência de um fluxo reduzido e baixa oxigenação cerebral, a pessoa pode ter um desmaio.

Infarto do coração
Considerando que um infarto pode acometer diferentes extensões do músculo cardíaco, sabe-se que os infartos de maior magnitude podem gerar uma perda substancial do potencial de ejeção do sangue, resultando em baixa oxigenação cerebral. Em situações mais extremas, como num infarto seguido de uma parada cardíaca, a perde de consciência é imediata.

AVC (acidente vascular cerebral)
Devemos entender este evento de duas formas: como um baixo fluxo cerebral resultante de um entupimento vascular ou como um extravasamento de sangue seguido de compressão de estruturas do cérebro. Em ambas as situações, na dependência da extensão e localização do processo, pode ocorrer este "desligamento" da pessoa por um período de tempo variável.

Hipotensão arterial
Situações corriqueiras como a exposição ao calor excessivo e problemas estruturais do coração podem resultar em quedas pronunciadas da pressão arterial e baixo fluxo cerebral. A consequência imediata será um estado de tontura que rapidamente se converte em um desmaio.

2) Causas neurológicas

Hemorragia cerebral
Nosso cérebro está protegido pela calota óssea do crânio e, diante da ocorrência de hemorragias, o acúmulo progressivo de sangue acaba comprimindo o cérebro. O desmaio poderá ser um dos sintomas desta compressão. A hemorragia cerebral poderá ocorrer em situações de trauma craniano como também quando um aneurisma (dilatação de um vaso sanguíneo) cerebral rompe.

Tumor cerebral
A presença de um tumor cerebral exerce um efeito compressivo, capaz de causar um desmaio. Muitas vezes um primeiro sinal de um tumor cerebral, o qual pode estar em crescimento progressivo, poderá ser exatamente um desmaio.

Metástases
Um tumor cerebral nem sempre será uma lesão primária, ou seja, que surge diretamente do cérebro. Existem também as metástases, quando um tumor originário de outro órgão acomete secundariamente o cérebro. No caso das metástases, na dependência da quantidade e do tamanho das mesmas, a pessoa poderá apresentar um desmaio.

3) Causas metabólicas

Hipoglicemia
Quando uma pessoa fica muitas horas sem se alimentar, ela está sujeita a ocorrência de hipoglicemia, que consiste numa taxa baixa de açúcar no sangue e possível comprometimento das funções neurológicas. Em pessoas diabéticas, que naturalmente já apresentam alterações do metabolismo do açúcar, a hipoglicemia pode ser mais perceptível e passível de mais manifestações. O desmaio pode ser consequência direta de uma hipoglicemia severa.

Desidratação
Em tempos de calor excessivo, quando as pessoas perdem muita água pela respiração e pela transpiração, existe o risco de uma desidratação. Este processo consiste na carência de água e também eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e magnésio), todos essenciais ao bom funcionamento do organismo, especialmente os órgãos vitais como coração e cérebro. A desidratação intensa pode cursar com desmaios e risco de complicações associadas.

Intoxicação
O uso inadvertido de medicamentos, o hábito da automedicação e o uso de drogas ilícitas podem ser responsáveis pela intoxicação orgânica e acúmulo de efeitos colaterais. O desmaio poderá ser uma das tantas manifestações resultantes da intoxicação medicamentosa.

Como proceder diante de tantas circunstâncias que podem propiciar um desmaio? Primeiramente conhecer um pouco mais sobre cada circunstância; em segundo lugar, fazer exames periódicos para conhecer seus limites individuais e, por último, adotas medidas preventivas como:

  • não descuidar de uma boa alimentação
  • não descuidar da hidratação diária, especialmente em dias quentes
  • cuidar rigorosamente de seu diabetes
  • realizar consultas médicas semestralmente
  • não usar medicamentos sem orientação médica

Desmaiar não é uma ocorrência normal e pode estar associada a situações e doenças graves. Todos nós estamos sujeitos a esta ocorrência e, portanto, devemos valorizar e buscar as devidas explicações.

Quanto mais precocemente iniciarmos as medidas preventivas ou eventualmente as medidas terapêuticas, maior será a taxa de sucesso no controle e cura do processo.