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Edmo Atique Gabriel

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que deveríamos considerar o uso combinado das vitaminas D e K?

Colunista do UOL

24/07/2021 04h00

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A pandemia do coronavírus reacendeu uma temática extremamente controversa no âmbito da longevidade e do bem-estar: o uso das vitaminas para melhorar nossa saúde.

Será que as vitaminas realmente exercem este papel de incrementar a qualidade de nossa saúde e, caso este fato seja verídico, como que as vitaminas agem para melhorá-la?

Em busca de explicações e justificativas plausíveis, trago neste texto uma análise sobre os benefícios do uso combinado de duas vitaminas bem conhecidas: D e K.

A ação da vitamina D em nosso corpo está intimamente relacionada a dois fatores: ativação pelo sol e absorção pelo intestino, a partir da ingestão de alguns alimentos como ovos, carne vermelha, salmão e frutos do mar.

A vitamina K, por sua vez, está muito presente naqueles vegetais de cor verde escura, como couve, brócolis e espinafre, e tem como função principal ativar algumas proteínas essenciais ao metabolismo ósseo e cardiovascular, além de garantir um certo equilíbrio na coagulação do sangue.

A vitamina K tem o poder de influenciar as atividades da vitamina D e este será nosso ponto de partida acerca do possível uso combinado de ambas para melhorar nossa saúde.

Considerando que a vitamina D age em nosso corpo como um hormônio, melhorando nossa imunidade, fortalecendo nosso sistema contra o desenvolvimento de alguns tipos de câncer e prevenindo algumas ocorrências como fraturas e osteoporose, a dosagem periódica em exames de sangue é uma alternativa interessante para orientar uma possível suplementação.

Aliás, aqui já quero deixar uma importante observação apontada por importantes e recentes estudos, a suplementação de vitamina D, quando efetivamente necessária, pode ser mais salutar para nosso organismo, no tocante a garantir melhor absorção do cálcio, do que simplesmente repor o cálcio de forma isolada.

Precisamos sempre ter em mente que grande parte das doenças tem relação com um processo acentuado e desorganizado de calcificação, que pode atingir as válvulas do coração, as articulações e o cérebro.

O processo natural e progressivo de envelhecimento caracteriza-se pela rigidez e acúmulo de cálcio nas estruturas orgânicas; este processo pode ser agravado pelo consumo inadvertido de suplementos a base de cálcio.

O papel da vitamina K, como uma possível moduladora da vitamina D, no que se refere ao depósito de cálcio nas estruturas orgânicas, seria a principal defesa para o uso combinado destas duas vitaminas.

Alguns estudos já demonstraram que o excesso de vitamina D pode induzir deficiência de vitamina K e que, por outro lado, a vitamina K em associação com a vitamina D poderia controlar a calcificação progressiva dos vasos sanguíneos.

Esta calcificação vascular pode gerar muitas complicações ao longo do tempo, como descontrole intenso dos níveis da pressão arterial, infarto e AVC.

Combater este processo de calcificação vascular é algo tão prioritário que, se imaginarmos o universo do transplante de órgãos, já existem relatos na literatura mencionando o insucesso de alguns tipos de transplante, especialmente o renal, além do aumento nas taxas de mortalidade após este tipo específico de transplante.

Na população mais idosa, as complicações relacionadas a calcificação vascular podem ser mais gritantes, principalmente na dependência de alguns hábitos alimentares errados, como o consumo exagerado de frituras, gorduras saturadas e doces.

Na população mais idosa, naturalmente já encontramos as maiores taxas de hipertensão arterial e diabetes, comorbidades que podem ser agravadas com este citado processo de calcificação vascular.

Desta forma, um dos objetivos da suplementação combinada das vitaminas D e K seria exatamente garantir e tentar postergar a existência de vasos sanguíneos com maior elasticidade.

Interessante pontuar que alguns estudos tentaram avaliar se a suplementação isolada de vitamina D seria suficiente para obter vasos sanguíneos mais elásticos por mais tempo e os resultados não foram animadores.

Por outro lado, estes mesmos estudos apontam evidências mais contundentes a favor de uma suplementação de vitamina D em associação com a vitamina K.

Nesta linha da prevenção cardiovascular, existe também uma grande preocupação com a potencialização de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos, a partir dos depósitos acentuados de cálcio.

Em outras palavras, poderíamos dizer que estes substratos de cálcio poderiam dar mais volume e consistência às placas de gorduras, gerando risco elevado para tromboses, infarto e AVC.

Como muitas pessoas são portadoras de distúrbios no metabolismo de gorduras, apresentando altos índices de colesterol e triglicérides, o risco cardiovascular pode aumentar de forma significativa se este processo de calcificação vascular não for controlado.

A magnitude da calcificação vascular depende de fatores genéticos, da faixa etária, dos nossos hábitos alimentares, estilo de vida, mas, independentemente de tudo isto, precisamos conhecer um pouco mais sobre o metabolismo do cálcio e sua correlação com as vitaminas D e K.

Além disto, devemos considerar que, por meio da suplementação combinada de ambas as vitaminas, sempre com orientação especializada, podemos obter bons resultados na redução e controle destes depósitos acentuados de cálcio.

Esta suplementação combinada, apontada em muitos estudos como efetiva e promissora, não consiste em um tratamento direto, mas, sim, um mecanismo preventivo a ser associado a outras práticas saudáveis.

Desta forma, ocorrências fatais e limitantes como um infarto, uma trombose e um AVC, poderiam ser mais amplamente prevenidas.

Para saber mais sobre a saúde do coração, me acompanhe no Instagram: @edmoagabriel.